SEMEANDO PRÁTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE DE UM PROGRAMA DE EXTENSÃO NO AMBIENTE HOSPITALAR

  • Simone dos Santos Pereira Barbosa Universidade Federal da Fronteira Sul- Chapecó
  • Ricardo Demeneck Reinaldo Universidade Federal da Fronteira Sul , campus Chapecó
  • Emanuelly Luize Martins Universidade Federal da Fronteira Sul , campus Chapecó
  • Angélica Zanettini Universidade Federal da Fronteira Sul , campus Chapecó
  • Jeane Barros de Souza Universidade Federal da Fronteira Sul , campus Chapecó

Resumo

Introdução

A hospitalização pode gerar diversos desconfortos, como a ansiedade, inquietação, distanciamento da família e amigos, num ambiente totalmente diverso da sua realidade. Um fator recorrente de hospitalização se refere a intercorrências e tratamentos por conta da vivência do câncer.

Nos cuidados aos pacientes hospitalizados, é importante desenvolver e estimular a promoção da saúde por meio de ações que visam auxiliar na qualidade da assistência à saúde, sendo que um exemplo a utilização da música no espaço hospitalar.  Sabe-se que música proporciona redução da ansiedade, altera níveis da pressão arterial, diminuição da dor, mudança de humor, relaxamento entre outros (ZANETTINI et al., 2015; CARDOSO et al., 2016).

Nesta perspectiva, em agosto de 2018 criou-se o programa de extensão intitulado “Musicagem: a enfermagem promovendo a saúde no meio hospitalar por meio da intervenção musical”, composto por três discentes e oito docentes do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), com atuação semanal no Hospital Regional do Oeste (HRO) e no Hospital da Criança (HC), no município de Chapecó - SC, nos setores da oncologia, como a unidade de internação adulta e pediátrica, radioterapia e quimioterapia. Tal programa canta e toca nos quartos dos pacientes hospitalizados e nos corredores das unidades de internação, entoando músicas que abordam temáticas sobre esperança, fé, família, amor, amizade, entre outras.

Por meio do programa de extensão referido, várias ações já foram desenvolvidas e compartilhadas em outros locais, com o intuito de incentivar a criação de atividades semelhantes. Assim, tem-se por objetivo compartilhar a experiência do programa de extensão Musicagem, com vistas a refletir sobre as possibilidades de realizar um cuidado humanizado no ambiente hospitalar, por meio da intervenção musical, semeando novas experiências para além da universidade.

Metodologia

Durante a realização da Semana de Enfermagem, em um município rio-grandense, no mês de maio de 2019, alguns membros do programa de extensão foram convidados para compartilhar sobre a intervenção musical desenvolvida semanalmente no HRO e no HC. Primeiramente foi realizado uma palestra, abordando sobre o cuidado e autocuidado, que foi ministrada pela docente, coordenadora do programa de extensão. Durante a palestra, várias músicas foram compartilhadas com o público, buscando evidenciar o trabalho realizado por meio da intervenção musical aos pacientes oncológicos hospitalizados.

Para compartilhar as músicas, contou-se com a participação da docente e dois dos acadêmicos, com o apoio de um violão e violino. A atividade ocorreu no auditório de um hospital, contando com a participação de enfermeiros, técnicos de enfermagem, docentes e discentes de universidades da região, num total de aproximadamente 200 pessoas.

Desenvolvimento e processos avaliativos

No decorrer da atividade, foi possível demonstrar a intervenção musical realizada pela equipe do programa de extensão nos hospitais de Chapecó. Enquanto a equipe do programa de extensão cantava, o público participou ativamente, cantando as músicas e batendo palmas. Nas músicas mais calmas, o público foi convidado a dar as mãos, e os participantes responderam positivamente abraçando-se mutuamente de forma espontânea e emotiva.

Na palestra foi destacado que é importante a equipe de saúde verificar as habilidades do grupo de trabalho e aproveitar tais talentos em prol da qualidade na assistência prestada aos pacientes, assim como a equipe do Musicagem realizou, ao buscar os talentos musicais do grupo, formando assim a ação extensionista com baixo custo e de forma criativa, trazendo alegria e promovendo a saúde no hospital com criatividade e ludicidade. Neste sentido, foi destacado que existem inúmeros talentos escondidos nas equipes de saúde e que também precisam ser explorados, indo para além do cuidado técnico, a fim de prestar uma assistência humanizada e integral, tendo ainda a oportunidade de realizar o autocuidado, pois a música também é capaz de promover a saúde para quem a produz, ou seja, para quem canta e ou toca.

Evidenciou-se que a intervenção musical ainda é pouco realizada conforme aponta Zanettini(2015), seguindo igual  no âmbito hospitalar, sendo mais comum sua utilização na perspectiva da recuperação da saúde. A partir de então, foi explanado e discutido como pode-se realizar essa atividade em outros locais e tantas outras ações, que apenas necessitam de criatividade e vontade do grupo de fazer a diferença no cuidado prestado.

A palestra e as músicas contribuíram para a formação acadêmica dos estudantes, possibilitando a reflexão sobre a importância da utilização de tecnologias leves e criativas no cuidado de enfermagem, como a intervenção musical nos hospitais. Também é importante destacar que a própria participação em ações extensionistas auxilia na formação do profissional, que desenvolve atividades práticas, oportunizando uma visão holística do ser humano, não só o biológico, mas observar também sua realidade social, suas demandas psicológicas, entre outras ações (BISCARDE; PEREIRA-SANTOS; SILVA, 2014).

Considerações Finais

Por meio do compartilhar das ações do programa de extensão Musicagem, foi possível semear e plantar no público presente o desafio de fazer a diferença, de ir além do cuidado técnico, buscando estratégias para proporcionar um cuidado humanizado e promover a saúde no ambiente hospitalar, aproveitando as habilidades da equipe multiprofissional. As ações extensionistas foram intensamente elogiadas, evidenciando o quanto a extensão universitária pode auxiliar na formação da vida acadêmica e atuar no município e região onde está inserida, contribuindo com ações para promoção da saúde, seja no ambiente hospitalar ou comunitário.

Referências Bibliográficas:

  1. ZANETTINI, Angélica et al. Quem canta seus males espanta: um relato de experiência sobre o uso da música como ferramenta de atuação na promoção da saúde da criança. Revista Mineira de Enfermagem, v. 19, n. 4, p. 1060-1069, 2015.  Disponível em< http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/1058>. Acesso em 22 mai 2019.
  2. CARDOSO, Amanda Vieira Macedo et al. CUIDANDO COM ARTE: a promoção da saúde por meio da música. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, v. 14, n. 1, p. 714-735, 2016. Disponível em <https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5511275>. Acesso em 22 mai 2019.
  3. BISCARDE, Daniela Gomes dos Santos; PEREIRA-SANTOS, Marcos; SILVA, Lília Bittencourt. Formação em saúde, extensão universitária e Sistema Único de Saúde (SUS): conexões necessárias entre conhecimento e intervenção centradas na realidade e repercussões no processo formativo. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, v. 18, p. 177-186, 2014. Disponível em <https://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S1414-32832014000100177&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em 22 mai 2019.

Biografia do Autor

Simone dos Santos Pereira Barbosa, Universidade Federal da Fronteira Sul- Chapecó
Acadêmica do curso de graduação em enfermagem, da 4ª fase.
Ricardo Demeneck Reinaldo, Universidade Federal da Fronteira Sul , campus Chapecó

aluno do curso de Bacharel em Enfermagem

Emanuelly Luize Martins, Universidade Federal da Fronteira Sul , campus Chapecó

aluna do curso de Bacharel em Enfermagem

Angélica Zanettini, Universidade Federal da Fronteira Sul , campus Chapecó

docente do curso de Bacharel em Enfermagem

Jeane Barros de Souza, Universidade Federal da Fronteira Sul , campus Chapecó

docente do curso de Bacharel em Enfermagem

Publicado
17-07-2019