PROJETO RONDON
POSSIBILITANDO ACADÊMICOS A (RE)CONHECER E INTERVIR EM DIFERENTES REALIDADES SOCIAIS
Resumo
Introdução
A extensão universitária é uma prática que contribui para a formação acadêmica, permitindo que os acadêmicos se relacionem com o meio social. O Núcleo Extensionista Rondon (NER-UDESC) é um projeto desenvolvido pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), desde 2010, com o intuito de ampliar as ações de extensão de discentes, docentes e técnicos administrativos da UDESC e demais universidades e institutos de ensino vinculados ao projeto (Revista Brasileira de Extensão Universitária, 2015).
Entre 10 a 21 de julho de 2018, ocorreu a 15º operação, nomeada como Operação Encantos do Vale, abrangendo 12 cidades do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, com aproximadamente 260 extensionistas, em sua grande maioria acadêmicos.
O objetivo deste trabalho é compartilhar as vivências no Projeto Rondon, obtidas em uma das cidades do Vale do Itajaí, na Operação Encantos do Vale.
Metodologia
Durante os dez dias de inserção do projeto, são realizadas as intervenções e oficinas nos municípios de determinadas regiões do Sul do país, os participantes são divididos em grupos e distribuídos em cidades distintas para contemplar o maior número de pessoas, levando informações, auxiliando em ações municipais e realizando momentos de discussão e interação entre universitários e sociedade. Cada grupo é composto por 10 participantes ou mais, dependendo do número de habitantes e demandas de necessidades da população. Um dos municípios contemplados com as ações do projeto é pertencente do Parque Nacional da Serra de Itajaí, com aproximadamente 21.800 habitantes, onde ficaram 13 rondonistas, 1 coordenadora e 1 motorista. Os temas para as oficinas foram propostos pelos professores e administradores da cidade, sendo os mais diversos possíveis. Durante o dia eram realizadas as oficinas e durante a noite havia a reunião e planejamento do grupo para o próximo dia.
Desenvolvimento e processos avaliativos
Os temas das oficinas, propostos pelos gestores, educadores e demais profissionais do município, eram distintos, exigindo conhecimento e pesquisas dos rondonistas para sua realização. As necessidades envolviam Bullying, alimentação saudável, profissões, oficinas de teatro, recreação infantil, higienização, sexualidade, entre outros.
Iniciou-se a semana de atividades, em que o grupo se dividia em grupos menores para realizar as ações, indo até as escolas e desenvolvendo-as. Porém, de início, fomos barrados com a oficina de sexualidade, pois segundo a diretora do educandário, havia uma lei municipal que proibia abordagens sobre esta temática nas escolas, sendo que, a escola é o ambiente que promove a construção do conhecimento, de discussões e crítica social, fortalecendo as relações sociais entre educandos e educadores, em que o educador contribui para o amadurecimento e para o esclarecimento de assuntos, que em casa não são mencionados (COELHO; COELHO, 2015).
Além da sexualidade, a oficina sobre bullying também se repercutiu no município, pois foram trabalhados diversos tipos de preconceitos aos quais os indivíduos estão sujeitos a sofrer, como xenofobia, homofobia, machismo, gordofobia, racismo, estereótipos, entre tantos que geram problemas para aqueles que recebem tais ofensas, podendo desencadear graves problemas psíquicos e comportamentais, como transtorno do pânico, fobia de ir à escola devido às agressões físicas e verbais, fobia social, deixando a pessoa com uma timidez e ansiedade excessiva, além de poder deixar o indivíduo depressivo (SILVA, 2015). As crianças, com faixa etária de 10 a 12 anos, se sentiram à vontade durante a oficina que começaram a relatar os preconceitos e ofensas que estavam sofrendo pelos colegas.
Então, o grupo percebeu a necessidade de empoderar as crianças para que soubessem distinguir até que ponto uma brincadeira passava a ser ofensiva e preconceituosa, e que pudessem relatar aos professores que estavam sofrendo tal discriminação, para que assim fossem tomadas as devidas providências, apesar de esta prática estar inserida em nossa sociedade como algo natural, principalmente no ambiente escolar, em que tanto professores quanto pais ou responsáveis não dão a devida importância.
Os dias se passaram e as oficinas sendo realizadas cada vez mais com sucesso em seus objetivos, porém a estadia neste município foi curta, sendo possível realizar ações de quarta à sábado da mesma semana, pois no domingo o grupo recebeu a notícia que precisaria mudar de cidade devido as oficinas de bullying que estavam sendo desaprovadas por alguns pais e administradores locais, pois abordavam o tema da homossexualidade e ali, não era permitido abordar tais temas.
Considerações Finais
Apesar dos poucos dias neste município, pode-se observar que o preconceito e o tradicionalismo ainda estão extremamente presentes em alguns municípios do Brasil e que há um longo caminho a ser trilhado para desconstruir ideias preconceituosas, e plantar a mudança, lutando pelo respeito ao próximo, reconhecendo as singularidades, características e escolhas de cada indivíduo na sociedade.
Por meio das experiências vivenciadas neste projeto e em outros projetos de extensão universitária, torna-se possível ampliar opiniões e desconstruir preconceitos internos quanto acadêmicos e quanto ser humano, pois a todo momento se esta num processo de aprendizado para exercer da melhor maneira possível suas futuras profissões e assim, fazer a diferença na sociedade.