ESTRATÉGIAS EDUCATIVAS PARA A ALTA DO PACIENTE ONCOLÓGICO
Relatando uma experiência extensionista
Resumo
Introdução
No Brasil, em estimativa realizada pelo Instituto Nacional do Câncer José Gomes de Alencar (INCA), para o ano de 2018 são esperados 324.580 casos novos de câncer. A incidência nacional está para os casos novos de neoplasias da próstata com 68.220 casos, seguido do câncer de mama com 59.700 e cólon e reto com 17.380 (BRASIL, 2018).
As terapias oncológicas são aprimoradas constantemente, em consequência há necessidade de informar aos pacientes quais as implicações delas para seu cotidiano. Dessa forma, considera-se que o Enfermeiro seja capaz de identificar as necessidades de cuidado do paciente oncológico e assim realizar o planejamento da alta. Podem-se utilizar diversas estratégias educativas para fomentar o autocuidado do paciente (FONTOURA, 2006).
Este trabalho tem como objetivo relatar a experiência no desenvolvimento do Programa de extensão “Estratégias educativas para a alta do paciente oncológico”.
Metodologia
Esse trabalho é um relato de experiência oriundo das ações do Programa de Extensão, “Estratégias educativas para a alta do paciente oncológico”, o qual foi aprovado no Edital nº 1098/UFFS/2017 e se encontra vinculado a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Chapecó (UFFS/SC). As ações do programa são desenvolvidas pelos acadêmicos do curso de graduação em Enfermagem. As atividades são realizadas no Hospital Regional do Oeste (HRO), por ser a instituição referência no tratamento do câncer no oeste do Estado de Santa Catarina, este encontra-se localizado no município de Chapecó/SC. O trabalho é realizado, semanalmente, com uma duração em média de 4 horas/aula. O público-alvo do programa são os pacientes oncológicos internados para tratamento na unidade de oncologia do HRO. As visitas têm o propósito de trabalhar a alta do paciente oncológico, visando o cuidado adequado em nível domiciliar.
Desenvolvimento e processos avaliativos
O objetivo desse programa extensionista é planejar a alta hospitalar do paciente oncológico visando o autocuidado no ambiente domiciliar. Para isso, cada acadêmico participante acompanha um paciente, realizando o levantamento do estado de saúde deste indivíduo, levando em consideração a evolução dos aspectos fisiológicos, e dos aspectos psicossociais. Neste primeiro momento é coletado informações socioculturais e clínicas do paciente, doença e tratamento. Posteriormente são realizadas entrevistas audiogravadas a partir de um roteiro preestabelecido com os cinco questionamentos base do modelo explanatório, que possibilitam começar a conhecer o itinerário terapêutico que são: 1) O que é a doença? 2) Como isto acontece? 3) Quem ou o que a produz? 4) Por que isso ocorreu? 5) Qual o tratamento? (CAROSO; RODRIGUES; ALMEIDA-FILHO, 2004; KLEINMAN, 1980). Com base nas informações coletadas os acadêmicos planejam a alta do paciente, embasando-se no conhecimento científico para esclarecer o paciente, e fazendo a escolha da estratégia educativa a ser utilizada, respeitando o referencial adotado. Após a confecção do material educativo, os acadêmicos apresentam seu planejamento da alta para a Enfermeira da unidade, a qual analisa e autoriza sua implementação e depois eles realizam as orientações aos pacientes.
A sistematização do planejamento de alta hospitalar permite a orientação dos pacientes, dos familiares e dos cuidadores sobre a patologia, tratamento e reforço positivo para as atitudes e comportamento positivos identificados, para que eles possam dar continuidade aos cuidados em saúde no contexto domiciliar, sendo este o benefício direto do programa.
No entanto, têm-se os benefícios indiretos, como o fortalecimento do ensino da graduação, pois os alunos participantes do programa de extensão ampliam seus conhecimentos em oncologia ao desenvolverem o planejamento da alta dos pacientes. Além do fortalecimento das relações humanas, como o “lidar com o outro”, pois durante as entrevistas é comum nos deparamos com faces que remetem aflição e medo em relação a doença, situações essas que somos preparados teoricamente na academia, porém nem sempre na prática somos oportunizados com o manejo desses sentimentos. A escuta ativa proporcionada pelo projeto nos pareceu ter sido um elemento relevante no cuidado à saúde ofertado no ambiente hospitalar. Tal relevância é facilmente visualizada na entrega do folder, momento em que podemos visualizar emoções como choros e sorrisos, comuns no contexto sociocultural na qual o adoecido pelo câncer convive. Esse cenário nos permite dizer, que mesmo em situações pontuais, realizamos o cuidado além do modelo biomédico.
As enfermeiras também serão beneficiadas pelo programa, pois os materiais produzidos podem vir a fortalecer seu processo de trabalho, promovendo a criação da cultura do planejamento da alta na Unidade de Oncologia.
Considerações Finais
Indubitavelmente, o uso do instrumento educativo para a alta do paciente oncológico permite uma linguagem menos técnica, ou seja, de fácil acesso para a compreensão dos pacientes/familiares, qualificando, então, o atendimento em saúde ofertado. Por fim, os acadêmicos ampliam suas oportunidades para desenvolverem sua criatividade, empatia e raciocínio clínico na produção dos materiais educativos, e agregam experiências que contribuem para sua formação profissional, visando o cuidado além da perspectiva biomédica.