ATENDIMENTO EM AURICULOTERAPIA COMO ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DE SAÚDE E MELHORIA NA QUALIDADE DE VIDA

  • Paulo Roberto Barbato Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Anne Liss Weiler
  • Maria Eneida Almeida

Resumo

O Projeto de Extensão “Racionalidades Médicas e Práticas Integrativas e Complementares em Saúde - LABPICS” considera a integralidade como princípio de cuidado à saúde, buscando contribuir na promoção da saúde para os participantes que integram suas ações.

Dentre as ações propostas no projeto, os atendimentos individuais em auriculoterapia foram disponibilizados à comunidade acadêmica da UFFS. A oferta de tal prática teve o intuito de possibilitar àqueles interessados, uma experiência que não a da medicina ocidental contemporânea. A auriculoterapia, uma das abordagens terapêuticas da Medicina Tradicional Chinesa, é apoiada pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC/SUS) e de forma complementar à Política Nacional de Promoção de Saúde.

“A auriculoterapia é um método terapêutico que utiliza a orelha para avaliação e tratamento das disfunções orgânicas, emocionais e dores em geral” (SANTOS, 2003. p. 29). O princípio dessa terapia baseia-se em microssistemas que reproduzem o organismo em diversas partes do corpo, sendo o do pavilhão auricular o microssistema mais difundido. Segundo Wen (2001, p. 186),

quando um órgão, ou parte do corpo, apresenta algum problema patológico, surgirá uma alteração de sensibilidade ou de eletrocondutibilidade em determinado ponto reflexo do pavilhão auricular.

A opção pela aplicação da auriculoterapia deu-se em função de sua segurança terapêutica, baixo custo que demanda e sua adaptação ao espaço disponível no Laboratório de Inovação e Tecnologias em Saúde (LABITECS/LABPICS). O projeto, como apresentado em estudo científico, busca proporcionar melhorias na qualidade de vida e na performance acadêmica e/ou profissional (PRADO; KUREBAYASHI; SILVA, 2012).

O projeto tem como objetivo geral possibilitar um espaço físico onde os acadêmicos possam ser apresentados à PNPIC/SUS, bem como trazer ao debate a valorização de outras medicinas existentes no mundo e de outras práticas de cuidado à saúde e cura, diferentes daquelas orientadas pela racionalidade médica ocidental contemporânea, a qual é instituída tradicionalmente aos cursos da área da saúde. Os atendimentos em auriculoterapia buscaram atingir dois dos objetivos secundários do LABPICS, os quais pretendem valorizar o autocuidado (por meio de práticas corporais e mentais) e possibilitar atendimentos a docentes, técnicos e estudantes.

Metodologia

Os atendimentos em auriculoterapia aconteceram no período de agosto a novembro de 2018, sempre às terças-feiras, no espaço do Laboratório de Inovação e Tecnologias em Saúde (LABITECS/LABPICS), Sala 106 do laboratório 2, no campus Chapecó. Para sua realização, houve disponibilização de horários, agendados previamente pelas servidoras técnicas do laboratório vinculadas ao projeto. A divulgação, que aconteceu previamente, e os agendamentos eram realizados via e-mail.

Nos horários agendados, os participantes foram atendidos pelo docente responsável, que após uma anamnese e detalhamento das principais queixas, estabeleceu a terapêutica em auriculoterapia, considerando os pontos que melhor responderiam àquelas queixas relatadas.         No passo seguinte, era realizada a assepsia do pavilhão auricular, a localização dos pontos e puntura dos mesmos utilizando técnicas de agulhas permanentes, ou inserção de sementes de mostarda ou cristais radiônicos, os quais são fixados com esparadrapo antialérgico, bilateralmente.

Após as etapas anteriores, os participantes recebiam orientações sobre os cuidados para a manutenção, a estimulação dos pontos, as possíveis reações e sobre agendamento de retorno.

Desenvolvimento e processos avaliativos

No total, foram atendidas 18 pessoas, com idade entre 19 e 50 anos, sendo 12 consultas únicas e 13 consultas de retorno.

Quanto aos retornos, dois participantes do projeto retornaram apenas uma vez, três retornaram duas vezes e um retornou cinco vezes.

Considerando o segmento da comunidade acadêmica da UFFS, quatro participantes eram técnicos em assuntos educacionais e 14 eram discentes do Campus Chapecó: cinco discentes do curso de medicina, três de pedagogia, dois de enfermagem e dois do curso de administração.

Motivações diversas foram relatadas pelos participantes para a procura do atendimento em auriculoterapia. Alguns relataram apenas um motivo ou causa da busca pelo atendimento, mas a maioria relatou aspectos diversos relacionados ao seu estado de saúde.

A ansiedade foi a principal motivação pela busca do atendimento em auriculoterapia, sendo relatada por treze participantes; enxaqueca foi relatada em quatro ocasiões; distúrbios relacionados ao estômago apareceram em três relatos; rinite e cansaço em duas situações cada.

Também compuseram o rol das queixas que motivaram a busca pelo atendimento: cefaleia, asma, bronquite, hipertensão, cálculo renal, compulsão alimentar, hiperatividade, dor muscular, colesterol alto, zumbido no ouvido, sono pesado, tontura, tabagismo, estresse, depressão, sinusite, insônia, crise de pânico, dificuldade de concentração e bullying.

Considerações Finais

De maneira geral, aqueles que retornaram para um segundo momento da prática relataram ter sentido melhoras no seu estado de saúde e, principalmente, na qualidade do sono.

A frequência dos relatos de transtornos de ansiedade e outros que afetam a saúde mental da comunidade acadêmica atendida podem ser um indicativo da necessidade de estudos e intervenções que tenham como foco a qualidade de vida, uma vez que estas condições de saúde mental interferem nos desempenhos acadêmico ou profissional e, principalmente, na vida pessoal dos que fazem parte do espaço acadêmico.

 Referências Bibliográficas

SANTOS, J. F. Auriculoterapia e cinco elementos. São Paulo: Ícone, 2003.

 WEN, T. S. Acupuntura Clássica Chinesa. São Paulo: Cultrix, 2001.

 PRADO, J. M.; KUREBAYASHI, L. F. S.; SILVA, M. J. P. Eficácia da auriculoterapia na redução de ansiedade em estudantes de enfermagem. Revista da escola de enfermagem da USP,  São Paulo,  v. 46, n. 5, p. 1200-1206,  out.  2012 . 

Publicado
17-07-2019