EXTENSÃO EM SAÚDE COLETIVA NO CURSO DE MEDICINA: HORTO MEDICINAL NO MODELO DO RELÓGIO BIOLÓGICO DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA EM SEARA-SC

  • Maria Eneida de Almeida Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Chapecó
  • Anne Liss Weiler
  • Ana Paula Barasuol Rodrigues
  • Bárbara Serafini Breda
  • Carolina Martins de Magalhães
  • Carlos Renato Santos Rodrigues Filho
  • Gabriela Nogueira Matchinski
  • Letícia Scherer Gass
  • Pedro Augusto Cavagni Ambrosi
Palavras-chave: Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, Saúde Coletiva, Plantas Medicinais, Medicina Tradicional Chinesa, Extensão

Resumo

Introdução

            O Projeto Político-Pedagógico do Curso de Medicina da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) atende as Diretrizes Curriculares Nacionais para o desenvolvimento do perfil do egresso, propondo reflexão crítica que amplia os horizontes da clínica, baseia-se na integração com a questão social por meio da Saúde Coletiva e se encontra fundamentado no princípio constitucional da Integralidade no Sistema Único de Saúde (SUS), o qual alicerça a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC).

            A Integralidade é o princípio básico do Projeto de Extensão “Racionalidades Médicas e Práticas Integrativas e Complementares em Saúde - LABPICS”, o qual se articula ao Componente Curricular Regular de Saúde Coletiva (CCR-SC), na formação médica. A articulação Ensino-Extensão, nessa temática, está relacionada ao interesse da docente e coordenadora do projeto, o que deu a oportunidade de abrir um espaço e um tempo específicos para estudos e atividades de acadêmicos.

            Este relato de experiência registra uma abordagem teórico-vivencial com atividades de extensão que enfatizam conhecimentos ancestrais das Plantas Medicinais, em busca de contribuir com o cuidado de si e do outro, de questionar a medicalização da vida e da sociedade, bem como de adquirir um olhar que amplia, integra e complementa as possibilidades de tratamento e cura.

            O reconhecimento e a valorização de outras racionalidades médicas e de outros recursos terapêuticos foi o objetivo central das atividades desenvolvidas. Esta temática é parte de uma quebra de paradigmas na área da saúde, vigente na atualidade do mundo ocidental, que rompe com a rigidez acadêmica convencional e derruba preconceitos pré-estabelecidos na educação em saúde em geral, e em particular na educação médica.

            Um Horto Medicinal no modelo do Relógio Biológico da Medicina Tradicional Chinesa é um método de trabalho desenvolvido por agricultores familiares do Oeste Catarinense que integra o uso de Plantas Medicinais aos seus benefícios para o equilíbrio energético do corpo humano em relação ao movimento cósmico, apresentando-se como um importante instrumento pedagógico e educativo. É um trabalho criterioso com atenção ao meio ambiente e à saúde das pessoas, oferece segurança no cultivo e produção, livres de agroquímicos, animais e contaminantes. Didaticamente, facilita o acesso da comunidade, preserva o ambiente e as espécies e promove a qualificação nas atividades de todos que deste modelo se apropriam.

Metodologia

            As atividades de extensão nos componentes curriculares de Saúde Coletiva devem ter uma interface com o projeto de extensão LABPICS. Cada grupo deve ter três ou quatro acadêmicos da terceira e quinta fases. A ideia é buscar parcerias de entidades ou programas institucionais que trabalhem com Agroecologia no Oeste Catarinense e que tenham conhecimento no modelo de Horto Medicinal do relógio biológico da Medicina Tradicional Chinesa. Cada grupo deve elaborar: i. o plano de trabalho; ii. a preparação da atividade; e iii. a execução da atividade. Com tal metodologia a proposta é gerar três produtos: i. um catálogo de Plantas Medicinais, adequadas para este modelo de horto; ii. as placas de cada Planta Medicinal cultivada nestes hortos; e iii. visitas técnicas para edição de um vídeo informativo e instrutivo.

Desenvolvimento e processos avaliativos

Os parceiros para desenvolvimento das atividades de extensão foram: Programa de Extensão Agroecologia e Economia Solidária da UFFS e Fórum de Entidades da Agricultura Familiar de Seara-SC. O incentivo de todos foi de grande importância para realização, sobretudo das duas visitas técnicas, pois foi quando os acadêmicos vivenciaram aspectos naturais de uma comunidade com interesse crescente de uma mudança de vida e de hábitos no cuidado de si, da família e da sociedade. O estudo específico e a compreensão deste modelo de horto foram estruturais e forneceram as bases conceituais para reconhecimento e valorização de conhecimentos ancestrais adequados ao modelo de Horto Medicinal do relógio cósmico da Medicina Tradicional Chinesa, desenvolvido pelos agricultores familiares de Seara-SC, que se localiza a 50 Km de Chapecó. As duas visitas técnicas coroaram a elaboração de um catálogo, placas de identificação das Plantas e de um vídeo informativo e instrucional que dá uma contribuição na divulgação e na continuidade deste trabalho.

 

Considerações Finais

A aproximação de estudantes de medicina nas visitas técnicas e o trabalho teórico desenvolvido, deu início a um reconhecimento do trabalho de agricultores familiares no Oeste Catarinense, relevantes para a academia. Vivenciar a realidade de uma comunidade que se interessa e difunde conhecimentos ancestrais relativos à preservação da natureza e à melhoria da qualidade de vida é um aprendizado para toda a vida. A compreensão da questão social na área da saúde, que é a essência da Saúde Coletiva, é fundamental para a formação de futuros médicos, os quais terão conhecimentos para integrar e complementar o desempenho profissional com ênfase no princípio da Integralidade, nos recursos terapêuticos das Plantas Medicinais e colocando a questão da promoção da saúde como a grande meta a seguir na Atenção Primária à Saúde/SUS.

 

Referências Bibliográficas

BETTO, J. Agricultura, Plantas Medicinais e a Saúde Humana. Universidade Federal de Santa Maria-UFSM; Centro de Tecnologias Alternativas Populares – CETAP. BRASIL. 2014. Disponível em: <http://extension.unicen.edu.ar/jem/completas/157.pdf >Acesso em: 28.08.2018.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS - PNPIC: atitude de ampliação de acesso, 2008.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Departamento de Atenção Básica. Praticas integrativas e complementares: plantas medicinais e fitoterapia na Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.

VELLOSO, C. C.; WERMANN, A. M.; FUSIGER, T. B. Horto Medicinal Relógio do Corpo Humano. EMATER/RS. Putinga/RS, 2005. Disponível em: <http://www.biodiversidade.rs.gov.br/arquivos/1159290630estudo_caso_HORTO_MEDICINAL_RELOGIO_DO_CORPO_HUMANO.pdf > Acesso em: 28.08.2018.

Biografia do Autor

Maria Eneida de Almeida, Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Chapecó

Professora de Saúde Coletiva do Curso de Medicina UFFS-Campus Chapecó

Publicado
18-07-2019