SAÚDE COLETIVA: aspectos relevantes do Projeto de Extensão “Racionalidades Médicas e Práticas Integrativas e Complementares em Saúde - LABPICS”

  • Maria Eneida de Almeida Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Chapecó
  • Adriana Remião Luzardo
  • Paulo Roberto Barbato
  • Agnes de Fátima Pereira Cruvinel
  • Anne Liss Weiler
Palavras-chave: Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, Sistema Único de Saúde, Extensão, Racionalidades Médicas

Resumo

Introdução

Os Projetos Político-Pedagógicos dos Cursos da área da Saúde na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) desenvolvem o perfil do acadêmico com proposta de reflexão crítica que amplia o conceito da clínica. As fronteiras científicas da racionalidade ocidental na área da saúde estão sendo crescentemente questionadas no Brasil e no mundo, fato que deu abertura para a política de saúde do Brasil lançar a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS), no ano de 2006, quase simultaneamente ao lançamento da Política Nacional de Promoção da Saúde. Essas duas políticas públicas se interagem perfeitamente no sentido da ascensão da qualidade de vida da população.

O Projeto de Extensão “Racionalidades Médicas e Práticas Integrativas e Complementares em Saúde - LABPICS” foi constituído com base na Integralidade para contribuir na divulgação de novos modos de atenção, de cuidado e de promoção da saúde, bem como visa dar uma efetiva contribuição com o crescente questionamento da medicalização da vida e da sociedade. É uma intenção genuína propor um olhar especializado e abrangente no que se refere às racionalidades médicas instituídas no SUS, entre elas, abordamos a Medicina Tradicional Chinesa e a Medicina Ayurvédica; e recursos terapêuticos não convencionais, as chamadas Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS): Auriculoterapia, Yoga, Meditação, Tai Chi Chuan, Ventosaterapia, Reiki e outras.

Percebemos grande importância em proporcionar uma abertura para estudos e atividades relacionadas aos recursos terapêuticos contemplados na PNPIC/SUS, com abordagem teórico-vivencial acerca de práticas corporais e mentais para promoção da saúde, além da inserção de atividades de extensão no ensino e na pesquisa. Esta temática faz parte de um movimento de quebra de paradigmas hoje vigente em todo o mundo ocidental que rompe com a rigidez acadêmica convencional, com preconcepções e mesmo preconceitos estabelecidos na educação em saúde em geral, e em particular na educação médica.

Os objetivos gerais desse projeto são: possibilitar um espaço físico onde os acadêmicos possam ser apresentados à PNPIC/SUS, bem como trazer ao debate a valorização de outras medicinas existentes no mundo e de outras práticas de cuidado à saúde e cura, diferentes daquelas orientadas pela racionalidade médica ocidental contemporânea/biomedicina/medicina científica, instituída tradicionalmente aos cursos da área da saúde. Os objetivos específicos, são: i. reconhecer as medicinas vigentes e orientadas pelo Ministério da Saúde, vis a vis OMS; ii. identificar recursos terapêuticos de racionalidades médicas que estão inseridas no SUS; iii. aprofundar os conhecimentos sobre as práticas mais utilizadas no Brasil; iv. valorizar o autocuidado, as práticas corporais e mentais; v. ressaltar a importância da constituição de equipes multiprofissionais para maior resolutividade da Atenção Primária em Saúde; vi. possibilitar atendimentos a docentes, técnicos e estudantes.

Metodologia

Os atendimentos individuais são programados nas seguintes temáticas: Medicina Tradicional Chinesa – Auriculoterapia e Tai Chi Chuan; Reiki; Medicina Ayurvédica – Yoga e Meditação; Barras de Access. As atividades coletivas são programadas com ou sem regularidade: Tai chi Chuan, Yoga, Meditação, Dança circular, Ventosaterapia. As palestras são esporádicas, de acordo com as condições do palestrante. Estudos Temáticos são Rodas de Conversa de livre demanda ou dentro das atividades de extensão do CCR Saúde Coletiva, nos temas: Plantas Medicinais, Fitoterapia, Reiki, Medicina Tradicional Chinesa, Tai Chi Chuan, Medicina Ayurvédica, e outros temas a serem organizados ao longo do desenvolvimento deste projeto.

Desenvolvimento e processos avaliativos

Em 2018.2: i. os atendimentos individuais foram: Auriculoterapia, Reiki e Barras de Access, desenvolvidos mediante agendamento na sala 106 do Lab 02, organizadas de acordo com as possibilidades dos colaboradores do projeto; ii. as oficinas regulares de Tai Chi Chuan foram organizadas nos dias de sextas-feiras no período da tarde; iii. as oficinas esporádicas de Tai Chi Chuan, de Dança Circular e de Ventosaterapia aconteceram uma vez por mês, cada uma delas; iv. as palestras foram nos temas de Medicina Tradicional Chinesa e de Medicina Ayurvédica; e v. atividades de extensão do CCR Saúde Coletiva, fases III e V, com o tema Plantas no Horto Medicinal do modelo biológico da Medicina Tradicional Chinesa, com produção de um catálogo de plantas, placas para identificação em horto e um vídeo proveniente de duas visitas técnicas feitas com acadêmicos da medicina.

Em 2019.1, os atendimentos individuais foram suspensos devido ao acúmulo de atividades docentes dos colaboradores, mas estão sendo realizadas atividades coletivas como: i. momentos regulares semanais de Yoga e Meditação na sala 109 do Lab 02, ii. oficina de Arteterapia contemplando “Dança Circular - a dança do universo”; iii. palestra “Meditação na atual transição planetária”; iv. roda de conversa para Reiki e v. atividades de extensão do CCR Saúde Coletiva fases II, IV e VI, cujos estudos temáticos são: Plantas Medicinais, Yoga e Meditação.

O público é essencialmente a comunidade acadêmica, docentes, discentes e técnicos. A demanda é espontânea e a divulgação se dá por meio de recursos institucionais como site da UFFS, e-mails via coordenação acadêmica e outros.

Considerações Finais

Os atendimentos individuais tiveram grande sucesso com muita procura da comunidade acadêmica. A articulação entre a Extensão e o Ensino é realizada por meio do CCR de Saúde Coletiva que se articula com o projeto de extensão em questão, o que tem demonstrado interação e comprometimento dos acadêmicos em suas atividades. A constituição de um espaço acadêmico para vivenciar e debater outras medicinas existentes no mundo é de fundamental importância para se criar um espírito humanista no sentido de aceitação da diversidade cultural na academia. Assim, dentro da universidade a comunidade acadêmica foi introduzida na PNPIC/SUS, bem como pode participar de um debate global e nacional que introduz a valorização de outras medicinas existentes no mundo e o reconhecimento de outras práticas corporais e mentais de cuidado à saúde e de cura, diferentes das convencionais orientadas pela racionalidade ocidental contemporânea, tradicionalmente nos cursos da área da saúde.

Referências Bibliográficas

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS - PNPIC: atitude de ampliação de acesso, 2008.

______. Portaria MS 702, 21 de março de 2018. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2018/prt0702_22_03_2018.html Acesso em: 08.05.2019.

Biografia do Autor

Maria Eneida de Almeida, Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Chapecó

Professora de Saúde Coletiva do Curso de Medicina UFFS-Campus Chapecó

Publicado
18-07-2019