RELATO DE CASO:

ANAMNESE E EXAME FÍSICO DE TROMBOSE VENOSA E ARTERIAL À BEIRA DO LEITO EM AMBIENTE HOSPITALAR

Autores

  • Karine Bedin UFFS
  • Kimberly Kamila da Silva UFFS

Resumo

Resumo: As alterações na Tríade de Virchow (lesão endotelial, estase ou turbulência sanguínea e hipercoagulabilidade) propiciam a formação de trombos, sendo os arteriais relacionados principalmente à lesão endotelial e os venosos à estase sanguínea. Os trombos fixam-se na superfície vascular, podendo propagar-se por meio do acúmulo de plaquetas e fibrinas, ou embolizar, deslocando-se pelo sistema vascular. A dissolução do trombo é possível com o uso de agentes fibrinolíticos. O presente trabalho tem como objetivo relatar um caso clínico à beira do leito presenciado durante atividade prática realizada pelo componente de Clínica II – Atenção Integral à Saúde do Adulto e da Pessoa Idosa, do Curso de Graduação em Medicina, proporcionando uma explanação sobre trombose venosa e arterial concomitantemente e a associação com fatores de risco. Paciente do sexo feminino, 47 anos, dona de casa, apresentou queixa de dor em membros inferiores bilateralmente (Escala da Dor = 10), caracterizada como câimbras e em queimação, com piora ao deambular e melhora com elevação do membro, associada à edema ascendente de membros inferiores e sensação de calor local. Informou episódio recente de dor e sensação de enfraquecimento dos membros inferiores que resultou em queda da própria altura. No momento do exame clínico, uma semana após a internação, a paciente apresentava melhora da dor em membros inferiores (Escala da Dor = 2) e estava sob administração de furosemida, enoxaparina sódica e analgesia com dipirona endovenosa. A paciente apresenta histórico de enxaqueca com aura e hipertensão arterial sistêmica. Relatou uso de hidroclorotiazida e do contraceptivo oral Tamisa® (gestodeno + etinilestradiol), iniciado por conta própria em de decorrência de menorragia. Tabagista há 14 anos (20 cigarros/dia), referiu uso de álcool socialmente. Negou histórico familiar de trombose. Ao exame físico, apresentava-se em bom estado geral, lúcida, orientada e consciente; sinais vitais estáveis (frequência respiratória de 16 respirações por minuto, frequência cardíaca de 84 batimentos por minuto, pressão arterial de 120 / 85 mmHg). O exame físico de membros inferiores evidenciou edema bilateral com cacifo ++\++++, enchimento capilar lentificado (4 segundos), empastamento de panturrilhas, pulsos pediosos e tibiais posteriores de intensidade diminuída; sem outras particularidades. Exames de imagem: ecografia venosa de membros inferiores evidenciou placa e diminuição do fluxo venoso em veias femorais; tomografia computadorizada de abdome superior demonstrou trombos em aorta abdominal distal aos rins e veia cava inferior. Exames laboratoriais constataram plaquetas 183 mil, Velocidade de Hemossedimentação (VHS) 97 mm, Índice Internacional Normalizado (INR) 1,37, Tempo de Tromboplastina Parcialmente Ativada (TTPA) 23 segundos. Devido a associação de trombose venosa e arterial, verifica-se a necessidade de uma investigação etiológica, incluindo trombofilias, neoplasias ocultas e outras condições que possam promover um estado de hipercoagulabilidade sistêmica. Deve-se considerar ainda que a paciente apresenta fatores de risco que contraindicam o uso de contraceptivos orais hormonais, tais como idade superior a 35 anos, tabagismo e cefaleia com aura, uma vez que essa associação está relacionada ao aumento de eventos tromboembólicos.

 

Palavras-chave: Trombose venosa. Trombose arterial. Relatos de casos. Coagulação sanguínea. Anticoncepção.

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Publicado

26-10-2018

Edição

Seção

Campus Chapecó - Projetos de Ensino