ABLAÇÃO DO MEATO ACÚSTICO EXTERNO PARA TRATAMENTO DE OTITE EXTERNA EM CANINO - RELATO DE CASO

Autores

  • Nadine Arend UFFS
  • Alice Vicenzi UFFS
  • Ana Paula Zoppei UFFS
  • Elaine Caroline de Oliveira UFFS
  • Gilson Correa de Lima UFFS
  • Fabíola Dalmolin UFFS
  • Gentil Ferreira Gonçalves UFFS

Resumo

A otite é a doença mais comum que afeta a orelha dos cães. Esta afecção se classifica quanto a localização, sendo externa, média e interna, e apresenta evolução aguda, crônica e crônica recidivante. Neste último caso, além de alterações estruturais, pode também comprometer a audição. Na otite externa há inflamação no meato acústico externo (MAE) levando à hiperplasia das glândulas ceruminosas, consequente aumento de cerúmen, espessamento da pele causando fibrose e diminuição da largura do canal pelo aumento das dobras, além de calcificação da cartilagem auricular. Foi atendido na SUHVU/UFFS um cão sem raça definida, com aproximadamente cinco anos de idade, pesando 8.850 kg, com histórico de intenso prurido nas orelhas, sem sucesso no tratamento medicamentoso para otite. Ao exame físico observou-se eritema bilateral nas orelhas, presença de cerúmen, neoformações circulares, espessamento da cartilagem auricular e estenose do MAE. O cão apresentava incômodo durante a manipulação das orelhas, assim como balançar constante da cabeça. Os demais parâmetros físicos não apresentavam alterações. Foram realizados hemograma e perfil bioquímico, e radiografia da cabeça. Foi notada ausência de visibilização do MAE, com aumento de volume do tecido mole da região da orelha externa, caracterizando hiperplasia do tecido. Considerando o diagnóstico de hiperplasia de MAE bilateral, o paciente foi encaminhado à ablação cirúrgica do MAE.  Após antibioticoterapia realizada por 15 dias, ocorreu o procedimento cirúrgico da orelha esquerda. Realizou-se incisão de pele em “T” na base da orelha e em torno da abertura do MAE, em sentido ventral até o osso temporal. Procedeu-se a dissecação romba em torno do MAE, e hemostasia por eletrocoagulação. Após a liberação do canal vertical e horizontal, foi removido o MAE, na junção da parte petrosa do osso temporal. Realizou-se curetagem da orelha média e remoção e resíduos. A aproximação muscular foi feita com fio poliglactina 910 2-0 em padrão simples contínuo. Após redução do espaço morto com o mesmo fio em padrão colchoeiro, foi realizada dermorrafia utilizando fio mononáilon 3-0 em padrão isolado simples. As alterações do MAE em cães são comuns e podem agravar-se chegando a comprometer a audição, como ocorreu com este paciente. O diagnóstico das alterações que provocam estenose do MAE deve ser realizado previamente a cirurgia, afim de determinar a conduta terapêutica. Entretanto, quando ocorre fechamento do canal, é indicada a ablação total do MAE, como ocorreu no animal deste caso. Observou-se que a cicatrização ocorreu sem complicações e pôde-se verificar melhora na qualidade de vida do animal, visto que diminui significativamente a apresentação de sinais clínicos na região operada. Salienta-se que a cirurgia da orelha contralateral que apresenta as mesmas alterações será realizada posteriormente visto que a intervenção é complexa e provoca elevado grau de dor no pós-operatório. O procedimento cirúrgico de ablação do conduto vertical e horizontal no canino foi eficaz para tratamento da otite na orelha esquerda, e posteriormente será realizada de outro lado para que ocorra o mesmo.

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Publicado

24-10-2018

Edição

Seção

Campus Realeza - Projetos de Extensão e Cultura