ULCERA DE CÓRNEA EM UM TAMANDUÁ-MIRIM (Tamandua tetradactyla, Linnaeus, 1758)

RELATO DE CASO

Autores

  • RODOLFO ALVES DA SILVA NETO UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL-UFFS
  • JANE KARLLA DE OLIVEIRA MATOS PRADO
  • JUCEMARA MADEL DE MEDEIROS
  • FERNANDA BRESOLIN
  • Leticia Maria Santos SILVA
  • Barbara Cardoso de Oliveira
  • Jacqueline de Jesus
  • Gabriela Corrêa de Almeida
  • ERICO HENRIQUE
  • luana carolina bachmann gregolin
  • Evandro Rodrigues
  • Najla Ibrahim Isa Abdel Hadi
  • Camila Regina Teixeira de Oliveira
  • Gentil Ferreira Gonçalves
  • Leonardo Gruchouskei
  • Fabiana Elias

Resumo

A córnea, juntamente a esclera, faz parte da túnica fibrosa do bulbo ocular, compondo a porção externa do órgão da visão nos animais. Ela exerce função de lente, permitindo que a luz seja focada na retina, além de funcionar como uma barreira física entre o olho e o ambiente. A perda completa ou parcial do epitélio da córnea é designada como uma ulceração. As principais causas de úlcera de córnea são agentes endócrinos, infecciosos e o trauma. As úlceras de córnea são uma das causas mais comuns de doença ocular que levam a perda de visão nos cães, entretanto em medicina veterinária de animais silvestres, são escassos os relatos dessa afecção. Este trabalho tem por objetivo relatar um caso de úlcera de córnea em um tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla). Foi encaminhado para avaliação anatomopatológica, um tamanduá-mirim, fêmea, que foi encontrado as margens de uma estrada, na cidade de Ampere-PR, com histórico de debilidade motora. Em um primeiro momento, o animal foi atendido pelo setor de clínica médica da SUHVU-UFFS, Campus Realeza. Ao exame físico, o animal apresentava-se deprimido, com grave grau de desidratação e atrofia. Além disso, observou-se as córneas com áreas esbranquiçadas. A partir disso, realizou-se a coloração da córnea com fluoresceína, exame indicado como meio de diagnóstico para presença de úlcera, no qual constatou-se como positivo para úlcera de córnea superficial bilateral. O animal foi internado e o tratamento instituído foi: colírio a base de cloridrato de moxifloxacino, 1 gota por olho a cada 6 horas, solução de Ringer com lactato 500 ml, 0,33ml/min IV, glicose 50%, 0,1 ml/kg IV. Na alimentação foi oferecida mistura de iogurte, formiga e ração para gatos, e uma suplementação rápida hipercalórica. O paciente não respondeu ao tratamento vindo a óbito e sendo encaminhado ao Laboratório de Patologia da SUHVU. À necropsia, observou-se atrofia difusa acentuada da musculatura, córnea com uma área central deprimida, focal, de 0,2 mm de diâmetro, ausência de gordura abdominal, coração com hipertrofia excêntrica. Diante dos achados de necropsia, chegou-se a conclusão de inanição (caquexia) associada à ceratite ulcerativa de córnea. Como a alimentação do tamanduá mirim é altamente especializada, sendo exclusivamente de formigas e cupins, consumindo em média 9.000 formigas diariamente, concluiu-se que, como a visão estava diminuída durante dias, o animal ficou privado de sair e procurar sua alimentação, consumindo a gordura corporal e em seguida a massa muscular para garantir as funções vitais do seu organismo, assim deixando-o em um quadro clínico muito avançado de inanição, levando o animal ao óbito.

 

Downloads

Publicado

24-10-2018

Edição

Seção

Campus Realeza - Projetos de Extensão e Cultura