Crianças Institucionalizadas e a demora na adoção: vozes silenciadas
Resumo
Atualmente, existe uma maior preocupação com a pessoa humana, seu desenvolvimento pessoal, tendo como elemento principal a proteção estatal em forma de direito positivo, para este estudo em particular, aquelas que disciplinam o direito de família, regulando as relações mais íntimas do indivíduo na sociedade. A família é peça fundamental para a formação, sendo a família o primeiro espaço de convivência do ser humano, parâmetro de vida fundamental para qualquer criança. É no seio familiar que se aprendem valores éticos, onde são vivenciadas experiências afetivas, representações, valores e expectativas, possibilitando ao indivíduo constituir-se como sujeito autônomo. A família é total influenciadora na qualidade de vida do ser humano. Sendo assim, este estudo objetiva abordar a morosidade processual na adoção de crianças institucionalizadas, submetendo crianças a uma institucionalização prolongada e desencadeando possíveis traumas psicológicos. Assim como busca compreender quais são esses traumas, oriundos de explicita violação aos princípios fundamentais a dignidade da pessoa humana. O presente trabalho buscou estudar a criança como figura principal, autores de suas próprias histórias de vida. Pois, constatando-se de que vivemos numa sociedade marcadamente adultocêntrica, as crianças estarem no palco do diálogo as tornam as melhores informantes do seu aqui e agora. Assim, através delas, busca-se saber o quanto a morosidade da adoção, seja pelo processo burocrático ou pelo preconceito social, as afetam psicologicamente. Para tanto, realizou-se uma pesquisa de construção de desenhos feitos por crianças de 05 a 12 anos de idade no Instituto Anjo Gabriel na cidade de Francisco Beltrão – PR. Os desenhos foram analisados a partir de uma leitura psicanalítica, método desenvolvido por Sigmund Freud, levando-se em consideração o contexto de cada criança, uma vez que a subjetividade é inerente à interpretação individual. Os resultados encontrados a partir da análise foram: raciocínio abaixo da média, atraso escolar, autoestima baixa, insegurança, falta de autoconfiança, agressividade, inquietação e entre outros. A privação de uma convivência familiar para as crianças e adolescentes é o mesmo que deixá-las abandonadas à própria sorte. Faz-se necessário um novo olhar e uma nova postura em relação à criança institucionalizada. O caminho de superação implica mudanças de paradigmas. É preciso romper com o perverso ciclo da história, mantendo viva a chama da indignação. Compreender para transformar, eis o começo de tudo.
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