O TEMPO TOTAL DE TRABALHO COMO FORMA DE AVALIAR A DESIGUALDADE DE GÊNERO:
UM ESTUDO DE CASO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DE CONCÓRDIA/SC
Resumo
A pluratividade desempenhada pelas mulheres é essencial nas pequenas unidades produtivas rurais, mas economicamente seu trabalho não é percebido com a mesma importância dada às atividades tradicionalmente masculinas da agricultura. Buscando evidenciar os esforços femininos em termos de trabalho remunerado e não-remunerado, o presente estudo, a partir de entrevistas com agricultores e agricultoras familiares de Concórdia (SC), questiona se é possível afirmar que o trabalho da mulher é invisibilizado na agricultura familiar por desconsiderar o tempo de trabalho reprodutivo. Ao utilizar um município catarinense como objeto de estudo, a pesquisa assume um caráter local, respeitando suas características culturais, econômicas e sociais, mostrando que há trabalho fora do trabalho formal, e que, além do trabalho remunerado, existem diferentes atividades que devem ser reconhecidas para a compressão da posição da mulher na economia e, especialmente, na agricultura familiar. Mediante as respostas da pesquisa de campo, é possível dizer que a dupla jornada entre as mulheres agricultoras justifica a visão de que elas não têm participação ativa no trabalho produtivo, servindo apenas como uma ajuda. Além disso, há uma percepção, por parte dos cônjuges, relativamente próxima do tempo que realmente é dispendido na jornada de trabalho do parceiro, o que não tem significado a adoção de uma postura mais colaborativa nos casais. Como há certa reprodução da divisão do trabalho quando se analisa o tempo gasto nas atividades dos filhos, fica evidente que conhecer a estrutura de gênero por detrás das atividades rurais é uma forma de balizar políticas públicas voltadas ao desenvolvimento da agricultura familiar e à promoção da equidade de gênero via empoderamento feminino.
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