IMERSÃO EM SAÚDE COLETIVA

ACOMPANHAMENTO DE GESTANTE COM COLESTÁSE INTRA-HEPÁTICA GESTACIONAL

Autores

  • Thiemi Morais Portela Proença UFFS
  • Daniela Borges Teixeira

Resumo

A Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Passo Fundo, preza pelo dinamismo no que diz respeito ao processo ensino aprendizagem, e, por isso, no decorrer do curso de medicina, realiza diversas atividades que visam integrar o aluno com a prática na comunidade e na Atenção Primária, bem como confrontá-lo com as mais diversas situações do cotidiano do paciente. Assim, no terceiro semestre do curso, a disciplina de Saúde Coletiva desafia os acadêmicos a imergirem no complexo mundo da visita domiciliar, da gravidez e de todas as mudanças que ela traz à mulher e à família. Cada acadêmico acompanha duas gestantes, designadas pelo projeto municipal “Meu Bebê, Meu Tesouro”, para avaliar e, principalmente, compreender seu contexto socioeconômico, cultural, mental e biológico, bem como observar e compreender as interações familiares que acontecem nesse período do ciclo de vida e que, por vezes, é agravada por contextos de múltiplas vulnerabilidades. Nesse processo, o estudante visa aprender a reconhecer os pontos frágeis e de maior necessidade de intervenção que as gestantes e suas famílias apresentam, almejando, assim, criar um plano de ação para tentar dirimir tais circunstâncias. Além disso, os estudantes têm a oportunidade de criar vínculos, potencializar a empatia e promover o empoderamento próprio, para atuar com pacientes, e, dessas mulheres, com ênfase ao autocuidado. Foi assim que se chegou à gestante N.B, 35 anos, grávida do primeiro filho, no último trimestre da gestação e que passou a apresentar prurido disseminado por todo o corpo, o qual acontecia mais intensamente durante a noite e, afetava com mais frequência a palma das mãos e planta dos pés. Como resultado do ato de se coçar, surgiram lesões secundárias em toda a sua pele. Consequentemente, a gestante apresentou ansiedade e passou a ter dificuldades para dormir. Foi nesse momento que a acadêmica lhe recomendou que procurasse ajuda profissional. Ao longo da investigação médica, um ultrassom diagnosticou colestase intra-hepática gestacional (CIHG), sendo recomendada internação hospitalar com objetivo de prevenir qualquer risco de óbito perinatal ou sequelas resultantes da condição. O tratamento se deu principalmente com medicamentos tópicos para aliviar o prurido. Em meados de maio de 2018, após monitoração dos sinais vitais do bebê, constatou-se taquicardia fetal, então uma cesárea de emergência foi realizada. Dois dias após o parto, mãe e filho receberam alta do hospital e puderam ir para casa, retomando o processo de formação de vínculo mãe-bebê. N.B se recuperou totalmente da colestase gravídica e, apesar de seu bebê ter nascido com 35 semanas, não apresentou qualquer problema de saúde. Como parte da intervenção, a acadêmica criou um material explicando os benefícios do aleitamento materno para incentivar essa atitude tão importante no desenvolvimento do recém-nascido. O conhecimento partilhado, a experiência vivida e o vínculo criado durante as imersões, provam que esse método de ensino é, sem dúvidas, fundamental para a formação de médicos mais conscientes sobre a complexidade do ser humano, igualmente, mais aptos a tratá-los com a integralidade e empatia que precisam e, merecem.

 Palavras-chave: Imersão em Saúde. Saúde da Família e Comunidade. Gestante.

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Publicado

24-10-2018

Edição

Seção

Campus Passo Fundo - Projetos de Ensino