AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL A PARTIR DA PRODUÇÃO PARA AUTOCONSUMO DE AGRICULTORES FAMILIARES EM DIFERENTES SISTEMAS DE PRODUÇÃO DA REGIÃO DA CANTUQUIRIGUAÇU
Resumo
A produção para o autoconsumo configura-se como importante estratégia para garantir a autonomia dos agricultores familiares, apresentando relação direta com a soberania e segurança alimentar e nutricional, já que garante a liberdade das famílias para produzir seu próprio alimento, permitindo escolhas de manejo a serem tomadas na produção, bem como a escolha dos alimentos consumidos, além de propiciar maior estabilidade econômica. Assim, o presente trabalho buscou conhecer como se dá a produção para o autoconsumo em diferentes propriedades de base agroecológica e convencionais dos municípios de Laranjeiras do Sul e Rio Bonito do Iguaçu, Paraná, região da Cantuquiriguaçu, buscando verificar a viabilidade econômica, as despesas com alimentação oriundas de fora da propriedade e a qualidade da alimentação das famílias de produtores rurais. Foram aplicados questionários semiestruturados através de entrevistas para levantamento dos dados, estudando os aspectos de segurança alimentar e as informações de produção para autoconsumo e comercialização, à oito famílias distintas, sendo quatro de produção de base agroecológica e quatro de produção convencional distribuídas nos municípios pesquisados. A partir do conceito de segurança alimentar e nutricional relacionou-se as observações feitas na agricultura regional sobre o modelo de produção adotado por diferentes unidades familiares. Essa pesquisa foi realizada de forma descritiva com abordagem exploratória, buscando levantar as características dos produtores convencionais e agroecológicos. Verificou-se que os agricultores de viés ecológico possuem maior diversidade e autossuficiência na produção de alimentos para o consumo interno familiar, bem como maior e notável redução dos gastos na compra de produtos externos. Em média, agricultores ecológicos cultivam 45 diferentes produtos para o autoconsumo, enquanto os convencionais 8. Em relação aos gastos com alimentação, ecológicos gastam cerca de R$ 412,50/mês, enquanto os convencionais gastam R$600,00 em média. O que demonstra a grande diferença no aspecto de diversificação da produção e consequente alimentação variada, além da economia que pode trazer para a renda da família. Apesar dos agricultores convencionais utilizarem agrotóxicos nos cultivos, até para o autoconsumo, os mesmos reconhecem os malefícios desta utilização. Desta forma, observa-se que a agroecologia tem se mostrado estratégia relevante no estímulo à produção para o autoconsumo de alimentos, colaborando para a segurança alimentar e nutricional das famílias agricultoras, bem como para sua autonomia, uma vez que tem tido menos gastos com alimentação e estão mais satisfeitos com os alimentos consumidos.
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