PERFIL ELETROLÍTICO E AVALIAÇÃO ELETROCARDIOGRÁFICA EM CADELAS COM PIOMETRA
Resumo
Sabe-se que a piometra cursa com distúrbios eletrolíticos aliados a um quadro de sepse que, além de prejudicarem o funcionamento regular do organismo alterando a homeostasia, podem inferir alterações no traçado eletrocardiográfico, prejudicando a função cardíaca. Desta forma o objetivo do trabalho foi avaliar as alterações eletrocardiográficas e o perfil eletrolítico de cadelas com piometra, caracterizando distúrbios de sódio, potássio, cálcio e magnésio, correlacionando-os aos sinais clínicos e laboratoriais de SIRS. Utilizou-se 13 fêmeas, não castradas, raças variáveis, peso entre 2 e 21,3 quilogramas, idade entre 4 e 11 anos. Realizou-se em ambiente tranquilo exame físico, coleta de sangue para leucograma e dosagem eletrolítica, avaliação eletrocardiográfica e caracterização de SIRS. Quanto ao ritmo cardíaco a maioria dos animais avaliados (61,7%) apresentou arritmia sinusal com marcapasso migratório (23,1%) e/ou sinus arrest (23,1%). Adicionalmente a taquicardia sinusal ocorreu em dois (15,3%) dos animais e aliada ao marcapasso migratório em um (7,7%). Verificou-se ritmo sinusal em dois (15,3%) e apenas um (7,7%) animal apresentou bloqueio atrioventricular de 2° grau classificado como Mobitz tipo II. Verificou-se que os parâmetros que mais se alteraram foram duração de onda P e complexo QRS. No estudo pode-se constatar que a polaridade positiva foi mais visibilizada e que a maioria (61,5%) apresentava onda T menor que 25% da onda R. Além disso, dois pacientes apresentaram infradesnivelamento de ST. Ao analisar o perfil eletrolítico viu-se que em quatro (30,7%) animais ocorreu hipernatremia e quatro (30,7%) apresentaram hiponatremia. Oito (61,5%) apresentaram hipocalcemia. Em quatro (30,7%) verificou-se hipocalemia, e quatro (30,7%) hipercalemia. Visibilizou-se hipomagnesemia em dois (15,3%) dos animais e hipermagnesemia em três (23%). Constatou-se ainda que sete (53,8%) dos animais avaliados estavam de fato em SIRS. A hipernatremia se dá devido à desidratação consequente dos episódios de êmese e diarréia apresentados pelos animais. Já a hiponatremia sugere que os pacientes com piometra podem apresentar uma hipoosmolaridade sanguínea e hipovolemia devido às perdas para terceiro espaço de líquido livre juntamente aos eletrólitos. Ademais, a hipocalcemia pode ser atribuída à endotoxemia presente nos quadros de piometra. Quanto à hipercalemia ocorreu devido à hemoconcentração por desidratação ou afecção renal, já a hipocalemia está relacionada com as perdas renais que as pacientes apresentavam. A hipermagnesemia associa-se à insuficiência renal ou administração exógena, contudo, os animais avaliados não receberam terapia com magnésio e não apresentaram alterações renais. A hipomagnesemia também está relacionada com as perdas gastrointestinais. Quanto a SIRS, Sabe-se que na piometra há liberação de mediadores inflamatórios que podem em um efeito cascata ativar outros mediadores e citocinas que culminam em uma reação sistêmica caracterizando a síndrome. Concluiu-se que quase todas as cadelas com piometra estudadas apresentaram pelo menos um eletrólito em desequilíbrio e a maioria estava em SIRS. Ademais, a alteração no ECG mais sensível na avaliação de distúrbio eletrolítico foi o infradesnivelamento de ST. Sobre o ritmo, não houve aparecimento de arritmias patológicas. Visto isso, ressalta-se a necessidade e a importância da dosagem de eletrólitos em todos os casos de piometra e reforça-se a indicação de exame eletrocardiográfico na rotina clínica veterinária.
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