A epistemologia do professor de geografia

diferenças entre geógrafos e não-geógrafos

Resumo

O conhecimento é a principal matéria-prima para o trabalho do professor. O que o professor conhece sobre o que ensina e sobre como o estudante se apropria do conhecimento diz muito sobre o seu posicionamento pedagógico, compondo a Epistemologia do Professor, conforme proposto pela concepção beckeriana. Em um contexto onde a improvisação de professores se faz presente para mascarar a falta de docentes habilitados para o ensino de determinadas disciplinas, importa conhecer em que medida seus conhecimentos se diferenciam daqueles com habilitação formal para o exercício da docência. No caso da Geografia, no contexto nacional, aproximadamente 50% dos professores que a lecionam no ensino fundamental não são habilitados na área. Tomando o caso de Erechim-RS como exemplo, este trabalho expõe e discute as abordagens da Epistemologia do Professor em diálogo com as abordagens do pensamento geográfico e os discursos de oito professores de Geografia (quatro geógrafos e quatro não-geógrafos) vinculados à rede estadual de ensino. Baseado em entrevistas com questões abertas, o trabalho apresenta como as epistemologias empirista, apriorista e democrática se manifestam nas concepções dos professores, em diálogo com as suas concepções acerca do ensino de Geografia. De modo geral, no que tange a sobre como os sujeitos conhecem, como o conhecimento se constrói e como as relações pedagógicas se organizam para isso, as concepções apresentadas tendem para o empirismo, tanto entre os geógrafos quanto entre os não-geógrafos. No que tange às mesmas questões relacionadas ao conhecimento geográfico, enquanto os professores não graduados em Geografia, mas que atuam na área, mesclam concepções empiristas e aprioristas (maturacionais ou inatistas), os professores licenciados na área apresentam discurso que se inclina mais à concepção democrática-construtivista.