CORRENTES HISTORIOGRÁFICAS DA GUERRA DO PARAGUAI

Autores

  • Felipe Alfredo Both Universidade Federal da Fronteira Sul campus Erechim

Resumo

No decorrer dos séculos XIX e XX, foram produzidas diferentes perspectivas a respeito do maior conflito bélico registrado na América do Sul, a Guerra do Paraguai. Historiadores, militares e jornalistas, no decorrer dos últimos três séculos procuraram apontar versões diferentes para o confronto, as quais se estruturam em três correntes historiográficas, a historiografia tradicional, elaborada logo após o conflito, a historiografia revisionista, surgida na segunda metade do século XX e a historiografia neorrevisionista ou moderna, surgida na década de 1990. Desse modo, busca-se compreender os interesses por trás das diferentes perspectivas acerca da Guerra do Paraguai a partir de seu contexto histórico, apontando os elementos que sustentaram ideologicamente tais interpretações, dessa forma, buscou-se analisar os principais autores de cada corrente, a fim de entender quais das características e significados por trás dessas construções historiográficas. A partir dessas análises, concluiu-se que, os autores da corrente historiográfica tradicional, buscaram criar uma história para o conflito, na qual os motivos para a guerra recaem exclusivamente nas ações de Solano Lopéz, visando defender, justificar e exaltar a atuação do Brasil no confronto. Na historiografia revisionista, pode-se afirmar, segundo estes intelectuais que, tanto do Brasil, como a Argentina e o Uruguai, foram manipulados pelo imperialismo inglês da época, que via no Paraguai, uma crescente ameaça para sua hegemonia na região. E por fim, a historiografia moderna busca, através da pesquisa nos arquivos dos países envolvidos, apontar os caminhos que levaram estes países ao conflito armado, visam fugir dos vícios ideológicos e patrióticos cometidos por seus antecessores ao afirmar que a Guerra do Paraguai se originou a partir de contradições locais e da consolidação dos Estados Nacionais na região. Nota-se que a Guerra do Paraguai foi retratada de diferentes maneiras por diferentes autores, inseridos em diferentes contextos históricos e sociais, que retrataram o conflito por um olhar diferenciado. Mas sobretudo, cada autor, buscou legitimar o conflito a partir de uma ótica diferenciada, apontado diferentes agentes que ocasionariam a guerra. Desse modo, cada visão serviu, dentro do seu contexto histórico, como legitimador para acontecimentos que marcariam as sociedades da época. Sendo assim, hoje, pode-se considerar que, dentre todas as visões, as perspectivas apontadas por Francisco Doratioto e seus pares são as mais aceitas, tendo em vista a sua metodologia e rica base documental.

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Publicado

01-10-2018

Edição

Seção

Campus Erechim - Projetos de Pesquisa