INCLUIR PARA EXCLUIR:
O USO DA LINGUAGEM PADRÃO E O DESAPARECIMENTO DOS SUJEITOS NA HISTÓRIA
Resumo
O presente trabalho tem por tema principal o uso da linguagem padrão como ferramenta que contribui com o desaparecimento e esquecimento dos sujeitos oprimidos social e historicamente. O objetivo dessa discussão é problematizar e tensionar o tradicional campo das linguagens, além de compreender quais relações de poder e interesse estão envolvidas no uso das palavras. Esse trabalho é resultado das leituras e debates realizados dentro de um bloco de estudos pelo grupo PET – Práxis Conexões de Saberes, que tinha como foco a relação do feminismo com a educação popular. Dessa forma, a pesquisa bibliográfica realizada tem por base teórica a contribuição de duas referências: (1) a professora norte-americana bell hooks, por meio da análise do capítulo “A língua”, do seu livro Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade; (2) as professoras Amanda Motta Castro e Nivia Ivette Núñez de la Paz que são autoras do capítulo “O masculino não inclui o feminino! Linguagem inclusiva em debate” que integra o livro Educação Popular em Debate. Nesse sentido, compreende-se, por meio da análise dos argumentos, referências e questões levantadas dentro do grupo de estudos, que a linguagem padrão, dita tradicional, é usada em prol de determinados interesses por grupos sociais específicos. Ela é excludente, marginaliza qualquer outra manifestação linguística, como o vernáculo negro, ao tratá-lo como idioma fora da lei ou fala dos renegados, e também quando faz crer que as mulheres estão “incluídas” na linguagem, afirmando que estas estão representadas nos plurais masculinos. Esse processo de “invisibilização” desses sujeitos periféricos (mulheres, negros e negras, indígenas) dos textos oficiais da história e da teoria social é proveniente de sua ausência, bem como de uma generalização que não considera sua presença. Conclui-se, assim, que é de máxima importância questionar o uso da linguagem padrão, percebida como “culta” e “correta”, pois, de acordo com as referências estudadas, não representa as diferenças sociais relativas ao gênero e raça. Por fim, ao buscarmos uma linguagem inclusiva, nos associamos a um projeto de sociedade que visa enfrentar as assimetrias e opressões sociais.
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