A ESCRITA DE SI COMO A POSSIBILIDADE DE DIZER O QUE NÃO SE FALA
UM ESTUDO A PARTIR DAS CARTAS DE SERAFIM BERTASO AOS PAIS (1920-1930)
Resumo
Em 09 de agosto de 1993 foi tombado em Chapecó, por meio da lei municipal n. 3.202, o acervo da família Bertaso, -família do principal empresário da colonização da região do Oeste Catarinense-, doado para o CEOM (Centro de Memória do Oeste Catarinense). Junto com os arquivos da Colonizadora Bertaso, Maia e Cia, encontram-se as correspondências trocadas entre os membros do núcleo familiar Bertaso – mãe, pai, filha e filho-, além de outros sujeitos que constituíam suas redes de parentescos e sociabilidades. Por meio da metodologia da História Cultural que, desde 1980, vem utilizando novas fontes para compreender elementos do sujeito e sua constituição, sua vida privada e a historicidade da escrita e leitura, o acervo de correspondências em questão possibilita estudar a história das práticas da cultura escrita na região do Oeste Catarinense. Dessa forma, a presente pesquisa atenta-se para as missivas escritas pelo filho Serafim Bertaso para seus pais, durante o período da sua formação escolar que viveu longe da família (1920-1929), buscando entender como ele utilizava das práticas de escrita e a escrita de si, para se aproximar de seus familiares, construindo sua identidade, real ou inventada, nas narrativas epistolares. Por meio das cartas, pode-se notar como Serafim utilizava da escrita para dizer sobre si, representar, expressar, inventar e construir sua identidade ideal para as aprovações familiares. Ademais, a carta possivelmente estava para ele como uma possibilidade de se conectar com sua família e, talvez sem perceber, ele se locomovia para além do seu papel de filho, podendo com sua escrita encontrar mais espaço, e meios de alcançar objetivos, do que com sua própria voz, já que era possível escrever o que não se falava.
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