RACIONALIDADES MÉDICAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NO CURSO DE MEDICINA DA UFFS-CHAPECÓ
Resumo
Um dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) tem sido foco de discussões no Brasil: a integralidade. Ela é compreendida como um sistema articulado e contínuo de ações e serviços preventivos, curativos, individuais e coletivos necessários para resolutividade de cada caso particular, incluindo todos os níveis de complexidade do sistema. Haja vista a descrição desse princípio, para que a integralidade seja efetivamente consumada faz-se necessário compreender não só o conceito, como também o paradigma das diferentes racionalidades médicas (RM) que podem contribuir nesse processo. Com essa finalidade, surgiu o componente curricular optativo “Racionalidades Médicas e Práticas Integrativas e Complementares”, ofertado na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) - Campus Chapecó, com a primeira turma no primeiro semestre de 2018. Foram proporcionados momentos de discussões, debates, reconhecimento, valorização e experimentação de outras medicinas e de outras práticas de cuidado à saúde, diferentes daquelas regidas pela biomedicina, a qual é, atualmente, a RM ocidental contemporânea hegemônica no Brasil. Após dezoito encontros de discussão e vivência, totalizando 36 horas-aula, compreendemos o conceito e experimentamos algumas práticas de diferentes RM, como moxabustão, auriculoterapia, acupuntura, yoga, meditação, dança circular, reiki, homeopatia entre outras. Uma RM é um conjunto integrado e estruturado de práticas e saberes composto de cinco dimensões interligadas: morfologia humana, dinâmica vital, sistema de diagnose, sistema terapêutico e doutrina médica, todos embasados em uma sexta dimensão, a cosmologia. O termo “racionalidades médicas” foi cunhado no Brasil a partir de pesquisas lideradas, desde de 1992, por Madel Luz, as quais valorizam a multiplicidade de saberes e práticas presentes na sociedade e nas instituições de saúde, em sua diversidade política e sobretudo cultural. Sabe-se que no Brasil, desde a década de 80, a produção científica acerca das RM aumentou consideravelmente, tendo o foco em estudos epistemológicos, sócio-históricos, clínicos/epidemiológicos. É importante destacar que, ao longo desse ínterim, muito se evoluiu. Em paralelo, o Ministério da Saúde, por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), lançada em 2006, passou a preconizar a implementação da Medicina Tradicional Chinesa, Homeopatia e Medicina Antroposófica no SUS como “sistemas médicos complexos”, termo utilizado como sinônimo de RM, que inicialmente contava com cinco práticas integrativas e complementares em Saúde (PICS) e que desde março de 2018 conta com vinte e nove PICS. Atualmente, o tema ensino/formação desponta como uma das questões primordiais e está sendo inserido em cursos de medicina ocidental moderna, como da UFFS - campus Chapecó. Desta forma, com base em evidências científicas e nas vivências proporcionadas pelo componente curricular, este relato de experiência enfatiza os benefícios do tratamento integrado entre medicina convencional e PICS. Além disso, com a implantação de componentes curriculares sobre as RM, o número de profissionais capacitados tende a aumentar e por consequência igualmente aumentar a popularização das técnicas.
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Submeto o trabalho apresentado como texto original à Comissão Editorial do XIII SEPE e concordo que os direitos autorais, a ele referente, se torne propriedade do Anais do XIII SEPE da UFFS.