O CONTEXTO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DO MOVIMENTO DOS ATINGIDOS POR BARRAGENS (MAB)

Autores

  • Leonardo André Felipe Carneiro Nunes UFFS - UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL - Chapecó
  • Humberto José Da Rocha Docente - UFFS - Erechim. RS.

Palavras-chave:

Atmosfera política, MAB, Oportunidade política.

Resumo

O presente resumo tem o escopo de apresentar o contexto histórico do surgimento do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), bem como os fatores que propiciaram o surgimento do movimento. É parte integrante do projeto de pesquisa intitulado “Atualidade dos movimentos sociais na fronteira sul”. A abordagem sociológica utilizada para a compreensão do surgimento do MAB é dada a partir da teoria da “Oportunidade Política”, de Sidney Tarrow (2009). A metodologia utilizada compreende a revisão bibliográfica de produções acadêmicas sobre as construções de UHEs na bacia do rio Uruguai e sobre o MAB. Também foi utilizada a observação participante em eventos que aconteceram promovidos pelo MAB, a saber, o I Seminário “Barragens”, que ocorreu na câmara de vereadores de Itapiranga (SC), no dia 23 de novembro de 2015, e o I Encontro Estadual do MAB, nos dias 22 e 23 de fevereiro de 2016. O processo social correspondente à hidreletricidade no Brasil é caracterizado por paradoxos como o de um desenvolvimento econômico marcado pela expansão do parque gerador, que, predominando a matriz hidrelétrica, contrasta com a inundação de milhares de quilômetros de terra onde vivem comunidades locais que foram remanejadas compulsoriamente. Devido à proximidade com o Sudeste brasileiro e a geografia do rio, os estudos realizados no rio Uruguai na década de 1960 constataram que a bacia era bastante apropriada para a expansão do setor hidrelétrico nacional. Com a necessidade de ampliação do setor energético brasileiro, é a partir da década de 1970 que os primeiros projetos para construção de Usinas Hidrelétricas (UHE) são executados. No Brasil, a mobilização dos atingidos por barragens teve como um dos berços, as comunidades dos municípios atingidos pelas UHE da bacia do rio Uruguai do norte gaúcho e oeste catarinense. As oportunidades políticas potencializam a capacidade de mobilização de grupos que, mesmo com pautas diferentes, possuem o mesmo objetivo: pressionar o Estado. Com isso, durante os anos de 1980 em vários lugares do Brasil, populações ribeirinhas, agricultores e moradores das cidades atingidas pelas barragens, se organizaram em Comissões Regionais de Atingidos por Barragens (CRAB), que posteriormente se transformou no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

Biografia do Autor

  • Leonardo André Felipe Carneiro Nunes, UFFS - UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL - Chapecó

    Graduando do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Chapecó. Bolsista da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (FAPESC) no Projeto de Pesquisa “Atualidade dos Movimentos Sociais na Fronteira Sul”. *Autor para correspondência: leonardo.canisso@gmail.com;

  • Humberto José Da Rocha, Docente - UFFS - Erechim. RS.

    Doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Professor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).

Referências

ALCÂNTARA, José J. Georg Simmel e o Conflito Social. Caderno Pós Ciências Sociais, São Luís, v. 2, n. 3, jan./jun. 2005. Disponível em: <http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/rpcsoc/article/viewFile/222/154>. Acesso em: 15 jul. 2017.

DESACATO.INFO. I Encontro Estadual do MAB reforça a não implantação da hidrelétrica em Itapiranga-SC. 2016. Disponível em: <http://desacato.info/i-encontro-estadual-do-mab-reforca-a-nao-implantacao-da-hidreletrica-em-itapiranga-sc/>. Acesso em: 5 jul. 2017.

TARROW, Sidney. O poder em movimento. São Paulo: Vozes, 2009.

TEDESCO, Carlos J.; CARINI, João J. Conflitos Agrários no Norte Gaúcho. 3. ed. Passo Fundo: Imed, 2010.

SEMINOTTI, Jonas. O movimento dos atingidos por barragens: origem e atuação (1979-2008). In: PASE, Emerson et al. Estado, Democracia e hidreletricidade no Brasil. Pelotas: Ed. UFPel, 2012.

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Publicado

14-02-2018

Edição

Seção

Campus Chapecó - Projetos de Pesquisa