CLASSIFICAÇÃO DO RISCO DE DOENÇAS ASSOCIADAS À OBESIDADE EM PACIENTES ADULTOS ATENDIDOS EM UMA CLÍNICA-ESCOLA DE NUTRIÇÃO ATRAVÉS DE TRÊS MÉTODOS: PERCENTUAL DE GORDURA CORPORAL, RELAÇÃO CINTURA-QUADRIL E CIRCUNFERENCIA DA CINTURA.

Resumo

Uma das características desenvolvidas ao longo da evolução humana foi a capacidade de estocar energia na forma de gordura, uma característica que ocorre desde os nossos ancestrais que encaravam condições extremas de sobrevivência. Com a evolução das espécies esta característica se tornou um ponto negativo, onde nas últimas décadas o homem vem desenvolvendo tecnologias para ajudá-lo a preservar energia e fazer menos esforços, transformando-o um indivíduo obeso e consequentemente mais suscetível a doenças. O conhecimeto de métodos eficazes de avaliação física tornou-se muito importante para profissionais da saúde, devido a sua relevância em avaliar e definir o estado físico e de saúde de uma pessoa. Deste modo, o presente estudo teve como objetivo realizar uma análise comparativa entre três métodos de avaliação do risco de doenças associadas à obesidade – percentual de gordura Corporal (%GC), relação cintura-quadril (RCQ) e circunferência da cintura (CC)  - e identificar possíveis discordâncias entre eles. O estudo realizado foi descritivo com abordagem retrospectiva e foram avaliados 42 prontuários de pacientes entre os meses de maio e junho de 2017, com a aprovação do comitê de ética da Universidade Federal da Fronteira Sul sob o parecer nº 980.593. Deste total, 70% eram do sexo feminino e 30% masculino, 96% residiam no perímetro urbano e 4% no rural, tendo uma idade média de 39 anos. Para a avaliação do %GC  foi utilizado o método de bioimpedância tetrapolar, com o analisador de composição corporal Maltron® BF-906 e pela soma das 4 pregas (subescapular, suprailíaca, tricipital e bicipital), através de adipômetro científico (Cescorf®). O percentual de gordura corporal foi classificado de acordo com os pontos de cortes propostos por Lohman et al (1992). O estado nutricional foi classificado através do Índice de Massa Corporal (IMC). O IMC, a RCQ e a CC, foram classificado de acordo com os pontos de cortes propostos por WHO (1997). Dentre os parâmetros avaliados, observou-se que 39% dos pacientes encontravam-se em eutrofia, 26% com sobrepeso, seguido de 22% obesidade grau I, 4% obesidade grau II e 9% obesidade grau III.  Em relação a classificação da RCQ, 78% possuíam baixo risco de doenças cardiovasculares (DCV) e 22% alto risco. Na classificação da CC verificou-se que 40% apresentaram risco baixo para DCV e 60% risco alto ou muito alto de DCV. Quanto  ao %GC encontrado pela bioimpedância e com o uso do adipômetro, observou-se que 61% e 83%, respectivamente,  apresentaram excesso de %GC. Diante destes dados, percebe-se as diferenças entre os métodos de avaliação e a gravidade da epidemiologia da obesidade que acomete o mundo, com consequente crescimento da prevalência de doenças cardiovasculares. Sendo assim, há necessidade do cuidado de se utilizar dados de estudos a fim de realizar comparações, observando a metodologia que foi utilizada para a avaliação dos riscos de doenças associadas à obesidade, a fim de evitar comparações equivocadas.