DO TOQUE PARA OXÓSSI ÀS OFERENDAS PARA IEMANJÁ: A FÉ E OS PROCESSOS SIMBÓLICOS NA RELIGIÃO BRASILEIRA

Autores

  • Laila de Aquino Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó

Palavras-chave:

Linguagem fotográfica, religião, cultura, diversidade, religiosidade, fé, matriz africana, umbanda, umbandismo

Resumo

A tensão entre praticantes da fé no Brasil é um fenômeno conhecido, o preconceito deixa marcas que são profundas e configura um desafio para todos que vivem em um país laico. A realização e a proteção de cultos religiosos e de suas liturgias é assegurada pela Constituição do Brasil de 1988. Dessa forma é de direito de cada brasileiro e estrangeiro em solo nacional a prática de sua crença, entretanto convive-se em uma realidade violenta principalmente contra quem se declara seguidor das religiões de matriz africana. O "Relatório sobre intolerância e Violência Religiosa no Brasil (2011-2015): Resultados Preliminares." (2016) mostra em uma reportagem encontrada na Agência de noticias EBC que  "... de 2011 a 2014, do total de 504 denúncias, 213 informaram a religião atacada. Em 35% desses casos, trata-se de religiões de matriz africana." (p.47); dados informados pelo Disque 100. Portanto refletir sobre a história da construção da liberdade religiosa brasileira é exercício necessário, inicialmente este trabalho propõe uma investigação sobre as origens e a dinâmica do Templo de Umbanda Caboclo Pena Branca e Zé Pelintra da Bahia, Capão Redondo - SP. Com o fim de colaborar com o discurso da tolerância religiosa o projeto constitui-se atualmente de duas séries fotográficas realizadas em São Paulo - SP no mês de Janeiro de 2016, no toque para Oxóssi que abre os cultos que são realizados para homenagear "Todos os Santos'' do panteão  da Umbanda ao decorrer do ano e em dezembro de 2016 na Praia Grande - SP, no toque para Iemanjá que fecha as celebrações levando oferendas do templo até o mar. Utilizando a observação participante como metodologia de coleta, observação, interpretação e análise a fotografia foi escolhida como principal ferramenta desta investigação afim de ilustrar um movimento de estranhamento, tanto do observador quanto do "outro" observado, buscando aproximar os atores e sujeitos envolvidos nos processos simbólicos que encontram sua eficácia na figura sincrética de seus Santos. Encontrando nas fotos o produto de um novo significado para a palavra "toque" identificada em elementos fundamentais do culto aos Orixás e entidades no terreiro, o som do atabaque que se generaliza como o Toque do Ogã que dá ritmo a festa e aos cantos entoados ou até mesmo o contato físico entre os participantes materializando o contato de fé entre espiritual e carnal, ou seja, o toque que promove o encontro entre o sagrado e o profano caracteriza-se de diversas formas e amplia seu significado num esforço de equilibrio entre as forças da natureza, o plano espiritual e o humano que tenta compreender seus efeitos no culto umbadista.
Palavras Chave: Linguagem fotográfica, Religião, Cultura e Diversidade.

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Publicado

15-12-2017

Edição

Seção

Campus Chapecó - Projetos de Extensão e Cultura