AVALIAÇÃO ELETROCARDIOGRÁFICA EM CADELAS SUBMETIDAS À OSH VÍDEO-ASSISTIDA

Autores

  • Gabrieli Américo da Silva Universidade Federal da Fronteira Sul - Realeza
  • Jhenifer Cíntia Beneti Universidade Federal da Fronteira Sul - Realeza
  • Fabíola Dalmolin Universidade Federal da Fronteira Sul - Realeza
  • Tatiana Champion Universidade Federal da Fronteira Sul - Realeza

Palavras-chave:

Coração. Potencial elétrico. Anestesia. Cardiologia veterinária

Resumo

A ovariosalpingohisterectomia é o tratamento de eleição para diversas afecções reprodutivas na medicina veterinária. A técnica por meio de vídeocirurgia, também denominada minimamente invasiva, vem sendo cada vez mais empregada devido a benefícios como redução de trauma cirúrgico, magnificação das estruturas no interior da cavidade e diminuição do potencial álgico no pós operatório. Para o acesso laparoscópico necessita-se insuflar a cavidade abdominal com dióxido de carbono (CO2), devido a esse estabelecimento de pneumoperitôneo, sabe-se que há diversas alterações cardiovasculares associadas, tonando-se fundamental o acompanhamento eletrocardiográfico no período transcirúrgico. O presente estudo tem por objetivo relatar as alterações no eletrocardiograma de cadelas submetidas a OSH vídeo-assistida. Foram utilizadas três cadelas, hígidas, com peso entre 9,400 Kg e 20,500 Kg e idade entre 1,5 e 3 anos. A medicação pré-anestésica consistiu em acepromazina (0,025mg/kg) e meperidina (3mg/kg) por via intramuscular, indução com propofol (4mg/kg) por via intravenosa e manutenção com isoflurano vaporizado com oxigênio a 100% utilizando-se suporte ventilatório mecânico ciclado a volume (10mL/min). Após estabelecer o plano anestésico os animais foram posicionados em decúbito dorsal e estabeleceu-se o pneumoperitôneo numa velocidade de 1L/minuto. Utilizou-se eletrocardiógrafo computadorizado e a monitoração ocorreu durante todo o procedimento cirúrgico. As avaliações foram dispostas em cinco tempos com intervalo de 10 minutos cada. Sendo o tempo 0 e 10 antes do estabelecimento do pneumoperitôneo, tempo 20, 30 e 40 com pneumoperitôneo já estabelecido e tempo 50 pós exsuflação. Fez-se a média aritmética entre os tempos 0 e 10, e entre os tempos 20, 30 e 40. Na avaliação de ritmo, 1 animal apresentou bradicardia sinusal, entretanto corrigiu-se com atropina (0,022 mg/kg) antes da insuflação da cavidade. Os demais animais mantiveram-se sem arritmias patológicas ou distúrbios de condução miocárdica. Dentre os resultados, os intervalos PR (variando entre 90 ms a 113 ms) encontraram-se dentro dos valores de referência para a espécie, demonstrando que não houve atraso na condução atrioventricular. Já os valores de intervalo QT (variando entre 240ms e 293ms) encontraram-se predominantemente aumentados antes do estabelecimento do pneumoperitôneo, sugerindo influência dos fármacos empregados no protocolo anestésico, como o potencial bradicárdico da meperidina intensificado pela acepromazina. Em relação as ondas P (variando entre 50 ms e 65 ms) e complexo QRS (variando entre 63 ms e 82 ms), ambos encontraram-se aumentados em duração, sugerindo sobrecarga atrioventricular esquerda. Não houve padrão eletrocardiográfico compatível com hipóxia do miocárdio, devido a regularidade de ondas T e não evidência de desnível dos segmentos ST. As alterações de eixo elétrico médio (EEM) ocorreram concomitantes a troca de decúbito dos animais, necessitando posteriores avaliações para determinação da influência do pneumoperitôneo sob o EEM. Conclui-se que a avaliação eletrocardiográfica durante o procedimento de OSH vídeo-assistida tem fundamental importância, especialmente para verificar alterações de ritmo, distúrbios de condução e observar precocemente prejuízos ao sistema cardiovascular.

Biografia do Autor

  • Gabrieli Américo da Silva, Universidade Federal da Fronteira Sul - Realeza
    Discente do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Jhenifer Cíntia Beneti, Universidade Federal da Fronteira Sul - Realeza
    Discente do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Fabíola Dalmolin, Universidade Federal da Fronteira Sul - Realeza
    Docente, Doutora do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Tatiana Champion, Universidade Federal da Fronteira Sul - Realeza
    Docente, Doutora do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Fronteira Sul

Referências

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Publicado

05-03-2018

Edição

Seção

Campus Realeza - Projetos de Pesquisa