O TRABALHO EDUCACIONAL NOS HOSPITAIS NA FORMAÇÃO DO PEDAGOGO

Autores

  • Bruna Cristina Rotava Universidade Federal da Fronteira Sul Chapecó

Palavras-chave:

Atendimento educacional em hospitais, Formação do pedagogo, Classes hospitalares, Pedagogia hospitalar,

Resumo

A presente pesquisa tem como objetivo levantar e problematizar a inserção das discussões sobre o trabalho educacional nos hospitais nos cursos de formação em Pedagogia, na modalidade presencial, das Universidades Federais do Brasil. A pesquisa foi realizada a partir da análise de dois corpus: o primeiro, foi constituído pelos resumos de 71 teses e dissertações selecionadas no site do IBICT por meio dos termos “classes hospitalares” e “pedagogia hospitalar”. A análise desse corpus evidenciou oito tópicos importantes para a atuação do professor em hospitais: 1) a classe hospitalar como um direito das crianças e adolescentes hospitalizados à educação e à escolarização, na perspectiva da educação inclusiva (histórico, marcos legais e conceituações); 2) a dupla função do atendimento: escolarização e educação humanista, por um lado, e apoio na promoção da saúde (adesão e resposta aos tratamentos), por outro; 3) os sujeitos de aprendizagem em situação de internação hospitalar; 4) processos de mediação da aprendizagem nos diferentes espaços hospitalares (TICs, artes, linguagens, ludicidade etc); 5) estratégias pedagógicas interdisciplinares; 6) a identidade e a saúde do professor que atua nos hospitais: estratégias de enfrentamento e resiliência; 7) atuação do professor em equipes multidisciplinares: educação e saúde; 8) envolvimento familiar na educação escolar. O outro corpus foi constituído pelas ementas constantes nos projetos pedagógicos dos cursos (PPCs). Foram encontradas 51 universidades que ofereciam o curso de Pedagogia mas apenas 48 disponibilizavam as matrizes curriculares, sobre as quais foi realizada a seleção dos componentes curriculares, com base nos termos “educação especial”, “pedagogia hospitalar”, “educação em espaços não escolares”, “profissão do pedagogo”, “educação e saúde”. Entre os 87 componentes curriculares encontrados, 33 não possuem ementa disponível no site, pelo que o corpus dessa pesquisa é composto por 54 ementas, oferecidas em 33 matrizes. A análise dessas ementas mostrou que as disciplinas de educação especial são em sua totalidade, referentes às deficiências, não tratando da atuação em hospitais. As disciplinas de educação em espaços não escolares, na sua maioria, enfocam os movimentos sociais, setores produtivos e entidades/organizações da sociedade civil. Apenas 6 (sem considerar os 4 estágios) das 54 ementas analisadas discutem sobre o trabalho educacional realizado nos hospitais e, dessas, apenas quatro são específicas desse campo de atuação. Apesar das temáticas propostas nas ementas dessas quatro disciplinas serem suficientemente amplas para incluir a maioria dos tópicos mencionados acima, não existem evidências de que, pelo menos, os últimos quatro, sejam abordados. Portanto, o resultado desse trabalho, permitiu trazer à tona que os cursos de formação inicial do pedagogo nas universidades federais ainda secundarizam os hospitais e, mais especificamente, as classes hospitalares, enquanto campo de atuação desse profissional, o que pode prejudicar a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças hospitalizadas, assim como a saúde das professoras que atuam nesse campo, as quais não são preparadas para os desafios emocionais que têm que enfrentar. Torna-se necessário replicar a pesquisa em relação às outras universidades, para que se tenha uma visão mais clara da inclusão, ou não, dessa temática, na formação do pedagogo no Brasil.

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Publicado

09-02-2018

Edição

Seção

Campus Chapecó - Projetos de Pesquisa