COLECTOMIA PARCIAL EM FELINO DEVIDO A MEGACÓLON RECIDIVANTE E FECALOMA - RELATO DE CASO

Resumo

O megacólon é caracterizado por uma dilatação de todo ou parte do cólon, ausência de peristaltismo, constipação, coprostase podendo resultar no desenvolvimento de fecaloma. Pode ter diversas origens e acometer gatos adultos ou idosos sem predisposição de sexo. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de colectomia parcial em felino adulto devido a megacólon recidivante. Foi atendido um macho, persa de quatro anos de idade, 3,5 Kg com histórico de constipação há mais de dez dias e mimica de defecação sem expulsão das fezes. À palpação abdominal, notou-se presença de massa endurecida na região abdominal, sendo o diagnóstico clínico de megacólon confirmado por exame radiográfico. O felino tinha histórico de dificuldade em evacuar há 10 meses e foi realizado enema intestinal. Treze meses após houve recidiva do quadro, não responsivo ao tratamento clínico, sendo submetido à colotomia para remoção do fecaloma. No pós-operatório recebeu sulfametoxazol+trimetoprima e dipirona, e após 16 dias alimentava-se e defecava normalmente. Após 10 dias verificou-se constipação e a palpação abdominal constatou-se a presença de fezes rígidas, sendo prescrito metronidazol, lactulose, metamusil psylliun, tegaserode, bisacodil, sulfametoxazol+trimetoprima e ração comercial super premiun. Como em 10 dias não houve resposta ao tratamento, foi encaminhado a colectomia parcial do cólon descendente. Após secção da porção descendente do cólon entre o ramo esquerdo da artéria cólica e o ramo ascendente da artéria mesentérica caudal, foi realizada a anastomose dos segmentos intestinais; o segmento proximal do cólon foi seccionado em ângulo oblíquo e o segmento distal em ângulo reto; realizou-se abertura em cunha do segmento proximal ao cólon transverso, de aproximadamente dois centímetros. Utilizou-se pontos simples isolados e fio de poliglactina 910 3-0 para anastomose, seguida da sutura do mesentério e omentalização. No pós-operatório, o animal recebeu antibioticoterapia, analgésicos e clorexidine para aplicação na ferida cirúrgica. Orientou-se o tutor a fornecer dieta líquida por dois dias, substituindo a mesma por pastosa a partir dos três dias, e após cinco dias para semissólida. O animal retornou para retirada de pontos cirúrgicos quinze dias após a cirurgia, e encontrava-se alerta, com cicatrização completa da ferida cirúrgica, evacuação de fezes pastosas, parâmetros normais para a espécie e sem dor a palpação na região abdominal. Orientou-se o proprietário a fornecer ração para gatos intercalando com ração pastosa duas vezes na semana, além de metamusil psylliun caso o felino ficar um dia sem defecar. O tratamento clínico para constipação crônica é uma possibilidade, porém pode ser inviável ou ineficaz, conforme observado neste caso. Já o procedimento cirúrgico realizado pode resultar na produção de fezes pastosas, pela diminuição da área de absorção do órgão, e deve ser discutido com os tutores previamente, sendo neste caso indicado pelo histórico e por se tratar de uma patologia recidivante. A abordagem cirúrgica fez-se necessária e cumpriu seu papel, solucionando o quadro de constipação e promovendo a melhora clínica do paciente até o momento. Salienta-se que a monitoração do paciente é recomendada, considerando a possibilidade de recidiva.