COLÓQUIOS EM BEM-ESTAR ANIMAL

Resumo

Os Colóquios em Bem-Estar Animal consistiram num espaço de interação dialógica entre docentes e discentes do curso de Medicina Veterinária com a comunidade de Realeza e região sobre o bem-estar animal, privilegiando a indissociabilidade ensino–pesquisa–extensão que embasa o saber universitário. O encontro com a universidade foi uma demanda de membros de organizações sociais de proteção animal, cujas dúvidas e questionamentos conduziram a um encaminhamento coletivo, da necessidade de se realizar um encontro de natureza interdisciplinar articulado aos princípios originalmente discutidos com a comunidade, como um espaço de trocas, construção de saberes, práticas e reflexões. Nesse contexto, surgiu o I Colóquio em Bem-Estar Animal, como um espaço de conversação despojado das formalidades de outros eventos, reunindo-se atores de diversos níveis para debater, aprofundar e avaliar ações referentes ao tema, tendo por princípio, um público-alvo direcionado, que são pessoas com experiência ou interessadas em realizar ações em torno do tema discutido, e esse tipo de comprometimento permite resultados mais qualificados do ponto de vista prático e acadêmico. O Grupo BEA tem uma trajetória de seis anos de ações em ensino, pesquisa e extensão, e já detectou que o município de Realeza, com 16.338 habitantes, mantendo as devidas proporções, enfrenta problemas com animais errantes, denúncias de maus-tratos, comercialização de animais silvestres, entre outros. Em Realeza não existe legislação que garanta a proteção animal. Um dos projetos do Grupo BEA, vinculados ao Programa de Extensão em Bem-estar Animal, trata do diálogo sobre políticas públicas para o bem-estar animal no município de Realeza, propondo a sistematização de um documento norteador que será submetido à câmara de vereadores do município. Inúmeras entidades civis já foram visitadas e entrevistadas pelo Grupo BEA, no entanto, dessa vez são pessoas ligadas a grupos e movimentos organizados em torno da proteção dos animais que buscam o conhecimento. Essa proposta de fórum social buscou a interação dialógica entre a universidade e a comunidade local, pois é notável a percepção da população quanto à necessidade de uma ampla ação quanto às políticas públicas de proteção e defesa dos animais e do meio ambiente, assunto que diz respeito à saúde coletiva e à sustentabilidade do modelo de civilização. Além disso, é referente à justiça que deve ser feita a todos os seres do planeta. Devido à falta de uma política pública em relação aos animais urbanos, grupos de protetores e entidades se encarregam das atividades de responsabilidade pela proteção dos animais e vêem na universidade uma parceria importante para aquisição do conhecimento. É a única ferramenta de que dispomos para melhorar nossa existência e as nossas relações com os outros animais. Assim, nos colóquios o Grupo BEA atingiu seus objetivos, quanto à educação humanitária, propiciando espaço-dialógico para o desenvolvimento competências individuais necessárias ao desempenho das funções dos protetores de animais, além de promover o intercâmbio experiencial vivenciando a interdisciplinaridade e interprofissionalidade das pessoas com interesse comum pelo bem-estar animal e estimulando a participação e a democratização do conhecimento, destacando a contribuição de atores não-universitários em sua produção e difusão.