O ABERTO: UMA ANÁLISE A PARTIR DO CONTO VENHA VER O PÔR DO SOL DE LYGIA FAGUNDES TELLES

Autores

  • Mayara Bruna Saugo Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Chapecó

Palavras-chave:

Aberto. Imaginação. Conto. Análise.

Resumo

A partir da leitura do conto “Venha ver o pôr-do-sol”, de Lygia Fagundes Telles, identificamos a presença de imagens que despertaram em nós um interesse em realizar uma investigação mais aprofundada do conto. A história se desenvolve a partir do momento em que Raquel, uma mulher comprometida, resolve aceitar o convite do ex-namorado para um último encontro, onde Ricardo, o ex-namorado, quer leva-la para conhecer o pôr-do-sol mais lindo do mundo. O encontro acontece em um cemitério, e é ali que Ricardo garante estar a imagem mais bela do pôr-do-sol. No cemitério, ele insiste em levar Raquel para o mausoléu de sua família, com a intenção de mostrar a foto da prima que morreu jovem e que afirma ter grande semelhança com Raquel. Apesar de estranhar e desapreciar o passeio, ela o segue até local. Já no mausoléu, Ricardo apresenta à Raquel a foto de sua prima e enquanto ela analisa a foto, ele sai e a tranca no local. Em meio aos gritos e as falas desesperadas de Raquel, o conto vai chegando ao final e deixa uma grande lacuna sobre seu desfecho, e é essa grande lacuna que pretendemos analisar. Para descrevê-la, decidimos dialogar com o conceito de “aberto”, proposto por Giorgio Agamben. É importante enfatizar que o conceito de aberto não foi descoberto por Agamben, mas sim retomado por ele de um estudo proposto por Heidegger a partir do poema As elegias de Duíno, de Rainer Maria Rilke. Nessa análise, é possível entender que, segundo Heidegger, o aberto é aquele que consegue despertar no homem o que lhe tinha oculto, o que ele chama de desvelamento do ser. Com a análise do conto “Venha ver o pôr-do-sol” e dos demais textos, podemos perceber como a imagem do aberto nos dá a possibilidade de pensar sobre a imaginação. Partiremos, assim, do conceito de imaginação de João Cezar de Castro Rocha, onde o autor busca justamente ver o texto literário como uma porta de entrada para o devaneio, o sonho, a invenção e tudo mais que a imaginação permite fazer. Ainda falando sobre imaginação, utilizaremos o pensamento de Charles Baudelaire sobre esse tema, onde a imaginação é a faculdade que dá a possibilidade de fazer associações, correspondências e analogias. Sendo assim, nossa proposta é analisar a construção da imagem do aberto, descrever os elementos que fundamentam essa imagem e, dessa forma, discutir sua estruturação no decorrer do conto, considerando sua história. Pretendemos também, articular o aberto com a imaginação e explicar como os dois se complementam.A partir da leitura do conto “Venha ver o pôr-do-sol”, de Lygia Fagundes Telles, identificamos a presença de imagens que despertaram em nós um interesse em realizar uma investigação mais aprofundada do conto. A história se desenvolve a partir do momento em que Raquel, uma mulher comprometida, resolve aceitar o convite do ex-namorado para um último encontro, onde Ricardo, o ex-namorado, quer leva-la para conhecer o pôr-do-sol mais lindo do mundo. O encontro acontece em um cemitério, e é ali que Ricardo garante estar a imagem mais bela do pôr-do-sol. No cemitério, ele insiste em levar Raquel para o mausoléu de sua família, com a intenção de mostrar a foto da prima que morreu jovem e que afirma ter grande semelhança com Raquel. Apesar de estranhar e desapreciar o passeio, ela o segue até local. Já no mausoléu, Ricardo apresenta à Raquel a foto de sua prima e enquanto ela analisa a foto, ele sai e a tranca no local. Em meio aos gritos e as falas desesperadas de Raquel, o conto vai chegando ao final e deixa uma grande lacuna sobre seu desfecho, e é essa grande lacuna que pretendemos analisar. Para descrevê-la, decidimos dialogar com o conceito de “aberto”, proposto por Giorgio Agamben. É importante enfatizar que o conceito de aberto não foi descoberto por Agamben, mas sim retomado por ele de um estudo proposto por Heidegger a partir do poema As elegias de Duíno, de Rainer Maria Rilke. Nessa análise, é possível entender que, segundo Heidegger, o aberto é aquele que consegue despertar no homem o que lhe tinha oculto, o que ele chama de desvelamento do ser. Com a análise do conto “Venha ver o pôr-do-sol” e dos demais textos, podemos perceber como a imagem do aberto nos dá a possibilidade de pensar sobre a imaginação. Partiremos, assim, do conceito de imaginação de João Cezar de Castro Rocha, onde o autor busca justamente ver o texto literário como uma porta de entrada para o devaneio, o sonho, a invenção e tudo mais que a imaginação permite fazer. Ainda falando sobre imaginação, utilizaremos o pensamento de Charles Baudelaire sobre esse tema, onde a imaginação é a faculdade que dá a possibilidade de fazer associações, correspondências e analogias. Sendo assim, nossa proposta é analisar a construção da imagem do aberto, descrever os elementos que fundamentam essa imagem e, dessa forma, discutir sua estruturação no decorrer do conto, considerando sua história. Pretendemos também, articular o aberto com a imaginação e explicar como os dois se complementam.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. O aberto: o homem e o animal. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira (sujeito e História), 2013. 179 p.

ÂNGELO, Ivan. Bar. 2015. Disponível em: <http://contobrasileiro.com.br/bar-conto-de-ivan-angelo/>. Acesso em: 17 maio 2017.

ASSIS, Machado. Dom Casmurro. São Paulo: Editora Ática, 1996.

BAUDELAIRE, Charles. Prefácio: Outras anotações sobre Edgar Poe. in: Contos de imaginação e mistério. São Paulo: Tordesilhas, 2013. p. 7 a 19.

COCCIA, Emanuele. A vida sensível. Desterro: Cultura e Basbárie, 2010. 98 p.

RILKE, Rainer Maria. Oitava Elegia. 2011. Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/poesiastranscendentais/3294303>. Acesso em: 19 jun. 2017.

ROCHA, João Cezar de Castro. Taller: Literatura e Imaginación.

TELLES, Lygia Fagundes. Antes do Baile Verde: contos. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. 205 p.

TOSCANA, David. As pontes de Königsberg. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2012. 256 p.

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Publicado

14-02-2018

Edição

Seção

Campus Chapecó - Projetos de Pesquisa