O SONHO MODERNO DA DEMOCRATIZAÇÃO DA ESCOLA: DO ACESSO A TODOS AO DESAFIO DA FORMAÇÃO DA AUTONOMIA
Palavras-chave:
Democratização escolar. Educação de Qualidade. Formação de Professor.Resumo
As considerações reflexivas deste texto são resultado de uma atividade de ensino da disciplina de Fundamentos da Educação, no qual os estudantes foram instigados a produzir um ensaio conceitual-reflexivo, tendo como tema geral os desafios históricos e atuais da democratização da escola pública. A metodologia de caráter qualitativo, contou com os estudos bibliográficos das aulas e dos seminários sobre os educadores brasileiros, na atividade de pensar as questões do tempo presente mediada pelos conceitos da literatura pedagógica. Com base nos estudos de Paulo Freire, Kant, Comenius, Florestan Fernandes, entre outros, o objetivo deste ensaio é pensar criticamente a relação entre os conceitos de democracia, educação escolar e formação docente. Até que ponto a escola brasileira forma cidadãos para a autonomia? E o que a formação de professores implica nisso? Historicamente, o processo de democratização da escola teve seu início no período moderno, com a defesa de Comênio de todos terem acesso a ela. Mais tarde, um dos principais objetivos da escola passou a ser formar cidadãos para a democracia. Para tanto, vê-se a necessidade da formação de indivíduos autônomos: críticos, que desenvolvam um pensamento próprio, capazes de fazer a sua própria leitura de mundo, não apenas repetindo palavras, mas buscando o seu próprio entendimento das coisas. Tais indivíduos não são facilmente enganados e podem decidir e agir de forma responsável, podendo fortalecer a democracia. A educação tradicional, ainda recorrente, não conseguiu realizar plenamente seu objetivo de formar para a autonomia, pois desconsidera a bagagem social e cultural do aluno e o método expositivo tende a uma relação vertical. Segundo os estudos de Bourdieu, a bagagem social herdada possui certos componentes objetivos que são externos ao indivíduo, e que podem ser postos a serviço do sucesso escolar ou do fracasso. De acordo com a crítica de Freire, no método expositivo, da denominada educação bancária, o professor “deposita” os conteúdos e, o aluno não tem voz, apenas ouve e pouco questiona. Esse processo pedagógico dificulta que os alunos pensem por si próprios e aprendam a questionar o mundo a sua volta. Alguns aspectos fazem com que os professores optem pelo ensino tradicional, tais como: o método ser mais fácil de ser aplicado; pouco tempo para programar aulas mais interativas; demanda muito grande de alunos para atender; e principalmente uma formação pouco qualificada. Depois da reflexão desenvolvida, pode-se afirmar que o processo de democratização da escola pública brasileira pode ser compreendida em três fases: a busca de acesso de todos a escola, em grande parte já realizada; políticas públicas de permanência para evitar o abandono, ainda a meio caminho; e a melhoria da qualidade da educação, um dos maiores desafios a ser enfrentado. Portanto, pensada a relação entre os conceitos de democracia, educação escolar e formação docente, conclui-se que não basta apenas oportunizar o acesso de todos à escola, mas garantir uma formação para a autonomia. Isso implica em significativo investimento na formação de qualidade nas licenciaturas.Referências
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