INTERAÇÕES FRONTEIRIÇAS E SUAS TERRITORIALIDADES: UM ESTUDO DE CASO DAS CIDADES DE ITAPIRANGA-SC, DIONÍSIO CERQUEIRA-SC, BARRACÃO-PR E MISSIONES-ARG
Palavras-chave:
Itapiranga. Dionísio Cerqueira. Formação Socioespacial. Geografia Política.Resumo
Ao nos preocuparmos com o espaço físico, enquanto geógrafos, encontramos na Geografia Política, a questão das fronteiras como um dos seus temas prioritários. A fronteira consiste num fenômeno social em constante construção. Assim, as fronteiras e os países não estiveram sempre onde estão, bem como não existiram sempre. Ambos não são mais que construções da história humana, resultado e expressão de processos sociais. Desta maneira, através deste trabalho, pretendemos evidenciar as interações fronteiriças e suas territorialidades a partir de um estudo de caso nas cidades de Itapiranga-SC, Dionísio Cerqueira-SC, Barracão-PR e Bernardo de Irigoyen, na província de Misiones, Argentina. Foram analisadas as suas respectivas formações socioespaciais, bem como as relações fronteiriças, onde foram constatadas diferenças significantes nestes locais, vinculadas especialmente ao modo de (re)ocupação do território, reflexo das políticas de estado e de práticas mercantis emergentes a partir do século XIX. Itapiranga constitui-se como um local ligado a colonização no extremo-oeste catarinense, promovida por companhias que comercializavam lotes de terra no início do século XX, tendo a característica de estabelecer, no princípio, restrições étnicas e religiosas para a instalação de famílias no local, o que com o declínio de certas atividades e os processos de modernização no campo e consequentemente nas etapas de industrialização no local levaram ao rompimento desta formação inicial. Por outro lado, a tríplice fronteira (SC-PR-ARG) nos faz refletir na questão da conurbação entre as três cidades, além de sua ocupação ser muito anterior à oficial - pautada pelos processos migratórios promovidos pelas iniciativas pública, através do estado, e privada, com as companhias colonizadoras - ligada principalmente ao extrativismo vegetal (erva-mate) e as relações entre argentinos e brasileiros, o que difere substancialmente da formação socioespacial encontrada em Itapiranga. A partir das discussões realizadas em sala e das entrevistas realizadas em campo, podemos apresentar dois conjuntos de resultados. O primeiro conjunto em relação às relações fronteiriças de Itapiranga em relação à Argentina, onde as relações de fronteira nos primórdios da colonização de Itapiranga se resumiam à comercialização de madeira. Entretanto, atualmente, percebe-se uma mudança ou até quase inexistência quanto a essas relações, as quais se resumem as pessoas que realizam compras no país vizinho e os que vão clandestinamente para o Parque Yaboti caçar animais silvestres. No segundo conjunto, relacionado às relações de fronteira entre Dionísio Cerqueira-SC, Barracão-PR e Missiones-ARG ficou notório a divisa municipal/estadual de Santa Catarina e Paraná, destacando a diferenciação tributária como um dos poucos elementos percebidos pelos moradores locais. O espaço (e seus elementos territoriais), num movimento dialético de causa e consequência das relações sociais aparece, de forma incondicional, como o grande centro trabalho, promovendo mudanças significativas que, ao acumular do tempo, refletem nos modos de ação dos atores elencados – especialmente as populações e o estado.
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