O USO DE MEMORIAIS FORMATIVOS COM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS DE CAMADAS POPULARES

Resumo

O PET Práxis – Conexões de Saberes da UFFS, campus Erechim, tem como base teórica e metodológica as discussões a partir do campo da Educação Popular, tendo em vista o projeto da instituição de ensino na qual o grupo está situado, bem como a trajetória dos/as bolsistas do Programa. Portanto, o grupo acompanha o desenvolvimento da universidade buscando pensar, problematizar e colaborar com sua construção. Dessa forma, resgatar as trajetórias e experiências de estudantes oriundos das camadas populares de modo a refletir sobre elas é visto como um método formativo, onde eles/as percebem-se enquanto protagonistas de sua história e, ao ler outros memoriais e se produzir autor(a), compartilham vivências e significados. O PET Práxis realiza a construção de memoriais formativos com todos/as os/as bolsistas, havendo formações de produção textual que os auxiliam nesse processo autoral e a entrega de pareceres para aperfeiçoamentos estruturais dos textos. Posteriormente, o propósito é compartilhar trajetórias e memórias, publicando os textos. Desde a criação do grupo já foram lançados três livroscoletâneas (2012, 2014 e 2017) contendo ao total vinte e um memoriais. O propósito de compartilhar tais trajetórias é inspirado na coleção “Caminhadas” do Observatório de Favelas do Rio de Janeiro, a fim de provocar estes/as estudantes a perceberem sua trajetória até o ensino superior público e gratuito e compreender seu espaço no mundo e, desta forma, ocupar um lugar universitário com responsabilidade histórica e política, impactando de forma positiva e transformadora o ensino superior brasileiro. A utilização de memoriais formativos como proposta metodológica proporciona a reflexão e a autorreflexão do sujeito sobre si mesmo e sua trajetória. Percebermos-nos no mundo é ter a dimensão do quanto nossas escolhas e ações podem impactá-lo, seja na esfera particular, escolar, profissional ou política. O papel do PET Práxis nos últimos sete anos tem sido garantir que estudantes universitários oriundos de camadas populares se reconheçam enquanto sujeitos protagonistas de sua história, percebendo-se no mundo e problematizando a realidade de que a universidade não foi feita para estes sujeitos, reforçando a luta pela educação pública e gratuita enquanto direito, e não privilégio.

Palavras-chave:Universidade. Trajetória. Educação Popular. Autoria.