OS ESTÁGIOS NA LICENCIATURA INTERDISCIPLINAR EM EDUCAÇÃO DO CAMPO E A INSERÇÃO NAS COMUNIDADES E ESCOLAS CAMPONESAS
Palavras-chave:
Educação do Campo. Estágio Curricular Supervisionado. Regime de Alternância.Resumo
A Educação do Campo se configura num processo de luta contra a exclusão dos sujeitos do campo brasileiro. A escola por muito tempo ausente das comunidades camponesas, quilombolas e indígenas, ou mantida de forma precária, sobrevivia muitas vezes por iniciativa popular, que de forma voluntária construíram um método pedagógico que avançou no sentido de considerar os processos sociais, a cultura do campo e os conhecimentos necessários ao desenvolvimento humano. Com a aprovação da Constituição Federal de 1988, a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira de 1996 (LDB) e das Diretrizes Nacionais e Estaduais para Educação do Campo (2002 e 2004), a Educação do Campo ganhou outro espaço no cenário nacional. Além da construção de uma legislação que observa as especificidades dos sujeitos do campo, são previstas ações para superação do quadro histórico marcado pela exclusão do acesso a escolarização nas comunidades. Os Cursos de Educação do Campo estão inscritos neste ínterim, uma vez que buscam suprir a lacuna histórica deixada pela falta de formação específica de educadores para o campo, além disto, assume o compromisso de pensar processos de desenvolvimento social junto às comunidades e a diversidade encontrada neste país. Assim os estágios curriculares supervisionados assumem um importante papel, valendo o intendo de demostrar neste trabalho as experiências dos professores dos Componentes Curriculares de Estágio III e V do Curso de Interdisciplinar em Educação do Campo: Ciências Sociais e Humanas da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus de Laranjeiras do Sul. A organização do curso por regime de alternância, ao passo que garante a permanência dos acadêmicos no campo, permite construir novos aportes teóricos que podem contribuir para identificar as contradições da sociedade capitalista, talvez até elaborar intervenções capazes de transforma-la, se não completamente, ao menos a realidade mais imediata Vale destacar que no público atendido pelo curso, destacam-se os acadêmicos indígenas, quilombolas e Sem Terras, povos que historicamente lutam por escolas em seus territórios e por um método pedagógico que respeite suas lutas. A organização dos estágios por área do conhecimento tem possibilitado o diálogo efetivo entre as disciplinas que compõe a área de formação dos acadêmicos e a realidade local, ademais tem ressignificado o olhar para os conteúdos escolares e sua relação com a realidade cotidiana. Em síntese, é possível dizer que uma das experiências mais relevantes vivenciadas nos estágios foi à inserção dos acadêmicos nas escolas indígenas, que possibilitou a tradução dos conteúdos para língua indígena. Além disso, destacamos que a presença dos três docentes, sendo um pedagogo e dois das áreas específicas, qualificou o trabalho coletivo, tanto em sala de aula quanto no efetivo acompanhamento nos locais de estágio (escolas e comunidades). Esta relação tem levado a universidade a espaços que até o momento não participava, como assentamentos de reforma agrária e comunidades indígenas, também tem estreitado a relação entre a educação básica e o ensino superior, cumprido o projeto institucional da UFFS, de garantir acesso, permanência, qualidade de ensino e o desenvolvimento dos locais em sua abrangência.Downloads
Publicado
13-09-2017
Edição
Seção
Campus Laranjeiras do Sul - Projetos de Ensino
Licença
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