TROCANDO SABERES ACERCA DO USO DAS PLANTAS COM FINALIDADE TERAPÊUTICA: O CONHECIMENTO POPULAR ALIADO AO CIENTÍFICO

Resumo

A ampliação das opções terapêuticas ofertadas aos usuários do SUS, com garantia de acesso às plantas medicinais e fitoterápicos, com segurança, eficácia e qualidade, na perspectiva da integralidade da atenção à saúde, é uma importante estratégia com vistas à melhoria da atenção à saúde da população e à inclusão social. Os comportamentos de uma determinada comunidade, ou até mesmo de algumas pessoas que a compõem, podem destacar não somente a questão cultural, mas também fatores financeiros que na maioria das vezes impossibilitam o acesso aos modos atuais de cuidado. Pode-se comprovar essa informação quando destacamos o uso popular das plantas medicinais como terapêutica de escolha, visualizando-se as questões culturais que apoiam esta opção, e também a dificuldade no acesso aos serviços/tratamentos de saúde. O Programa de Extensão “Práticas Sustentáveis em Agroecologia e Saúde Pública com o uso de Plantas Bioativas”, desenvolvido na Universidade Federal da Fronteira Sul, contempla as propriedades rurais da região do Oeste Catarinense em processo de transição orgânica e agroecológica. Tem como objetivo aproximar os saberes desenvolvidos no ambiente acadêmico aos saberes populares, repassados através das várias gerações de agricultores familiares e da sociedade urbana, possibilitando com isso o uso seguro e eficaz no tratamento de doenças e alívio da dor através do uso de plantas bioativas. Além da construção de um horto medicinal no campus da Universidade, tem-se realizado encontros nas comunidades caracterizados por conversas informais, possibilitando uma aproximação e troca de saberes quanto ao plantio, indicações, uso, possíveis efeitos colaterais, e identificação segura de espécies. Tais atividades têm sido avaliadas de forma bastante positiva pelos participantes, efeito este evidenciado nas inúmeras solicitações que nos chegam mensalmente para atender novos grupos. Cabe destacar que, com relação à inacessibilidade aos medicamentos, por parte das classes menos favorecidas, as plantas medicinais adquirem importância como terapêutica no combate aos agravos nessas populações. Sabe-se que o conhecimento popular é de grande interesse para a ciência, visto que a descoberta de novos fármacos muitas vezes tem início através de relatos e observações sistemáticas feitas por pessoas de comunidades que mantém o conhecimento tradicional sobre o uso das plantas. Assim, conclui-se que o uso dos vegetais como opção terapêutica está intimamente ligado ao contexto sociocultural das comunidades em questão. As técnicas e manejos para a sua utilização devem ser analisados considerando-se a importância dessa interação.