SAÚDE PÚBLICA E VIOLÊNCIA: UM RELATO DO PROJETO DE EXTENSÃO “VIVÊNCIAS E ESTÁGIOS NA REALIDADE DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL (VERSUS)”
Palavras-chave:
Extensão UniversitáriaResumo
A saúde pública brasileira possui diversas problemáticas que comprometem a eficiência e a eficácia de seus resultados. Dentre estas problemáticas, podemos citar o insuficiente número de profissionais para atender a população; as precárias condições das instalações de hospitais e unidades básicas de saúde e a má administração dos recursos públicos. Contudo, há de se dar destaque, também, à violência enfrentada pelos profissionais de saúde como fator limitador de uma prestação de serviços efetiva. A edição de 2016 do projeto de extensão denominado Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde do Brasil (VERSUS), realizada de 12 a 19 de fevereiro, abordou, também, este tema. Realizado na cidade de Chapecó, Estado de Santa Catarina, o Projeto abordou temas que impactam diretamente o atendimento à saúde da população, como, por exemplo, acessibilidade, saúde do povo indígena, gestão do SUS, dentre outros. O grupo do qual o autor participou contou com seis integrantes e abordou o tema Gestão do SUS e teve como um dos campos de atuação, um Centro de Saúde da Família (CSF) de um dos bairros da cidade. Neste Centro, a enfermeira gestora recebeu os participantes, apresentou-lhes as instalações do local e, em seguida, concedeu-lhes uma entrevista. As informações coletadas foram registradas de forma manuscrita em blocos de anotações e, também, digitadas em um software de edição de textos, através do notebook dos participantes. A entrevista foi realizada com abordagem direta, utilizando-se do conhecimento empírico dos participantes como instrumento de instigação do diálogo. Segundo relatos da profissional, o bairro é caracterizado por altos índices de criminalidade, sendo o tráfico de drogas o principal indicador de vulnerabilidade que leva à violência, mas, também fazem parte do cenário, agressões e homicídios. A profissional relatou que já atendeu pacientes vítimas de agressões físicas e sexuais. Tais agressões são oriundas de pessoas envolvidas com o tráfico de drogas. Disse, também, que já tentou promover, com os alunos da escola do bairro, campanhas de conscientização sobre os malefícios do consumo de drogas e entorpecentes, porém recebeu ameaças de pessoas que têm envolvimento com o tráfico na região, o que a fez interromper tais ações. Ao ser indagada sobre o combate à criminalidade no local pela polícia, a enfermeira informou que as ações tomadas surtem poucos efeitos, considerando-se as proporções que a criminalidade tomou. Corroborando com isso, há também o desinteresse do poder público municipal para com o problema. Com base nos dados apresentados, nota-se claramente que a atenção e promoção à saúde no bairro chapecoense visitado demandam maior atenção do poder público e ações que, ao menos, minimizem a criminalidade na região, para que os profissionais possam prestar um serviço de qualidade a toda população local. Percebe-se, também, que ao serem coagidos por criminosos da região, os profissionais de saúde são impedidos de prestar seus serviços respeitando os princípios basilares do SUS, como universalidade, integridade e equidade.
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