Júri Simulado como Estratégia de Ensino sobre a Aplicabilidade das Teorias de Enfermagem

Resumo

O âmbito da sociabilidade atual vem se desmanchando perante a falta de discussão e de disseminação de saberes de forma cível e respeitosa, de maneira que o exercício acadêmico muito possa vir a se limitar diante de atividades práticas que influenciem os discentes a colocarem-se à frente de questões importantes ao pleno desenvolvimento social. Esse trabalho objetiva relatar a experiência de júri simulado realizado com acadêmicos (as) da 1ª fase do curso de graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS, Campus Chapecó/SC, durante o transcorrer do Componente Curricular “Contexto Social e Profissional de Enfermagem I”, visando estabelecer um panorama geral sobre a utilização ou não das Teorias de Enfermagem na execução prática da profissão. A turma foi dividida em seis grupos e um integrante (com o papel de juiz), responsáveis pela explanação das seguintes conhecedoras e suas respectivas teorias: Wanda de Aguiar Horta (Teoria das Necessidades Humanas Básicas), Florence Nightingale (Teoria Ambientalista), Joyce Travelbee (Teoria da Relação Interpessoal), Martha Rogers (Teoria do Modelo Conceitual do Homem), Madeleine Leininger (Teoria Transcultural) e Dorothea Orem (Teoria do Autocuidado). Desses grupos, dois estiveram encarregados pela defesa da utilização das teorias de Enfermagem na atualidade como ação viável e provedora de benefícios, outros dois grupos pela contra argumentação desta, um grupo composto pelos supostos juízes, na função de pesquisa e avaliação, e outro denominado “público”, de fundamental importância na execução do debate e auxílio para o veredito final designado pelo grupo de sentença. Ao final dos debates, abertos para todos os grupos, houve parecer favorável à defesa do uso das teorias na prática contemporânea, apontando, entretanto, que as teorias são usadas de acordo com as condições em que possam ser inseridas, ao contrário de tempos passados, quando eram abordadas como imposição no cuidado de Enfermagem. Os estudantes ainda questionaram a relatividade de importância entre a criação de uma teoria que advenha de uma execução prática e a necessidade de um referencial teórico para partir à prática. A atividade foi aprovada pelos (as) acadêmicos (as) por estes poderem se sentir indivíduos autônomos na construção do debate do júri simulado, conferindo-lhes responsabilidade e competência diante das colocações expostas, bem como por permitir a interação saudável, atenciosa e acatada entre ideias teoricamente divergentes dos respectivos discentes. Nota-se a atividade como um interessante mecanismo de inserção crítica e reflexiva nos discentes, a fim de promover o crescimento pessoal e profissional destes desde os primeiros anos da graduação, além de salientar as Teorias de Enfermagem como ferramentas advindas de uma percepção humanística e proporcionadora de cuidados técnicos que superem o ambiente de totalidade tecnicista, a desenvolver um cuidado qualitativo.