PIROXICAM NO TRATAMENTO DE CARCINOMA INFLAMATÓRIO DE MAMA EM CADELA

Autores

  • Fabiana Pavão da Silva Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Gabrielle Coelho Freitas Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Fabíola Dalmolin Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Najla Ibrahim Isa Abdel Hadi Universidade Federal da Fronteira Sul

Resumo

O Carcinoma inflamatório de mama (CIM) em cadelas é uma neoplasia que apresenta aspecto clínico de inflamação associado a presença de êmbolos de células tumorais em canais linfáticos, ocasionando turgor de pele com presença de edema, eritema, dor e aumento de temperatura local. É um tipo de neoplasma que apresenta crescimento rápido com formações em placas distribuídas difusamente ao longo da cadeia mamária, com grande invasão de tecidos adjacentes, podendo incluir ulcerações superficiais que favorecem a contaminação bacteriana secundária e consequente exsudato purulento.  Por ser extremamente agressivo, a cirurgia não tem valor nenhum no que diz respeito ao controle ou paliação da doença. Nesse caso, preconiza-se o tratamento sintomático com o intuito de melhorar a qualidade de vida do paciente. Alguns estudos sugerem que a enzima cicloxigenase-2 pode ter um papel importante no desenvolvimento do CIM. Evidências apontam as múltiplas ações da superexpressão da enzima na neoplasia, como aumento da produção de prostaglandina-E2, que contribui para malignidade tumoral e supressão do sistema imune. O objetivo do presente trabalho é relatar o caso de um cão, fêmea, adulta, da raça Rotweiller, com 8 anos de idade, peso de 38,1kg atendida nas dependências do Hospital Veterinário da UFFS. Ao exame físico o animal apresentava dor intensa à palpação, escoriações na região axilar devido ao prurido e secreção serosanguinolenta na glândula mamária abdominal cranial esquerda. Durante a palpação foi possível perceber que o tumor se distribuía difusamente ao longo da cadeia mamária, com aumento de volume local e eritema. Como tratamento foi prescrito clorexidine tópico, 3 vezes ao dia (TID), durante 15 dias; dipirona sódica (25mg/kg), TID, durante 5 dias; cefalexina (30mg/kg), duas vezes ao dia, durante 15 dias e piroxicam (20mg/kg) a cada 2 dias, durante 15 dias. A paciente retornou para uma nova avaliação com 8 dias de tratamento, onde já apresentava melhora clínica significativa e redução dos escores de dor à palpação da região afetada. Foi dado continuidade ao tratamento, com melhora gradativa dos sinais clínicos. Porém, o paciente veio a óbito repentino, sem a possibilidade da realização de necropsia para conhecimento da causa mortis. O uso de anti-inflamatórios não esteroidais como o piroxicam tem mostrado bons resultados em certos tipos de carcinoma, mas os mecanismos de ação ainda não foram bem elucidados. A ação antineoplásica do piroxicam pode estar associada à inibição da cicloxigenase-2 (redução da proliferação celular e inibição da angiogênese) ou ao aumento da resposta imune local ao tumor. Pode-se concluir que no presente relato, o uso de piroxicam, aliado à terapia antimicrobiana, mostrou-se satisfatório na redução das lesões e do estímulo doloroso associado às mesmas.

Referências

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Publicado

30-11-2017

Edição

Seção

Campus Realeza - Projetos de Extensão e Cultura