MARCELINO CHIARELLO: A MORTE QUE INTERROMPE UMA TRAJETÓRIA POLÍTICA EM CHAPECÓ E/OU NOVAS FORMAS DE MANDONISMO POLÍTICO1
Palavras-chave:
Marcelino Chiarello. Política. Movimentos sociais.Resumo
Marcelino Chiarello foi professor e vereador, no município de Chapecó-SC, liderança comunitária do Bairro Santo Antônio e do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte). Através de seu mandato de vereador, denunciou ao Ministério Público casos de corrupção contra agentes políticos locais. Em 28 novembro de 2011 foi encontrado enforcado em sua residência, causando enorme comoção social, para um caso que foi tratado inicialmente como homicídio. Posteriormente, as investigações policiais foram conduzidas para a tese de suicídio. Para além das contradições investigatórias, entendemos que Marcelino Chiarello faz parte de algo maior; sua formação política está alicerçada nas lutas dos trabalhadores e tem na figura do Bispo Dom José Gomes e da Doutrina Social da Igreja Católica, uma forte influência. E para entender os aspectos postos, há que se reportar ao processo de construção territorial da “Fronteira Sul”, que se desdobra no Oeste catarinense e em Chapecó-SC. Há elementos políticos, culturais, econômicos e sociais que se acumulam, que influenciam, que denotam embates por posição, por poder. Neste aspecto, o histórico político local tem características do passado que se assentam no modelo mandonista/coronelista, com casos de violência política (como exemplo, o linchamento de 1950). A morte de Marcelino pode caracterizar este “retorno ao passado”, onde a violência é usada como forma de imposição política. Esta trajetória política interrompida representa um fato histórico marcante no cenário político de Chapecó, e aspectos a serem respondidos a fazem História do Tempo Presente, sob o viés da Micro-história, onde a micro-análise ajuda a entender o sentido político e social de um contexto regional.
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