REFLEXÕES TEÓRICAS ACERCA DA DIMENSÃO SIMBÓLICA DA ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL E DESIGUALDADE
Resumo
O presente escrito possui como categorias teóricas centrais a estratificação e a desigualdade social, bem como o contexto na qual se inserem e os atributos utilizados para defini-las. Através da segmentação das coletividades humanas diferenciadas a partir da posse de recursos econômicos e simbólicos, se busca aqui compreender as formas de desigualdade existentes entre os indivíduos pertencentes às sociedades, dando enfoque a dimensão simbólica da análise destes cenários. Para fazer uma leitura mais atenta acerca dessas questões, é importante levar em conta as diferentes contribuições teóricas, clássicas e contemporâneas, pertinentes ao tema. Neste contexto, destacam-se as concepções de Marx, Weber e Wright ao analisarem a estrutura de classe no âmbito da estratificação e desigualdade social. A obra de Bourdieu focaliza a superação do economismo, que reduz tudo ao aspecto econômico no campo social, procurando evidenciar as diferenças relacionadas à apropriação de capital cultural e simbólico dos indivíduos. A partir de reflexões teóricas tecidas acerca das desigualdades contemporâneas, emerge a necessidade de uma contextualização sociológica acerca dessa realidade e suas múltiplas dimensões. As desigualdades e o problema da exclusão social, pensados apenas a partir do enfoque econômico produzem análises incongruentes com a realidade, que com sua neutralidade, contribuem para a naturalização das desigualdades. Ao abordar a dimensão simbólica das desigualdades, está se fazendo referência a aspectos que ultrapassam o patamar econômico e englobam um contexto mais amplo, contemplando a forma como os indivíduos são incluídos na sociedade da qual fazem parte. Neste panorama, ressaltam-se os subsídios teóricos provenientes da Sociologia e Psicologia Social, ao problematizar a forma como muitos indivíduos são incluídos dentro da lógica capitalista de mercado, onde tudo é visto a partir do eixo de circulação econômica. Salienta-se a partir disso, que a sociedade capitalista inclui do ponto de vista econômico, mas é excludente do ponto de vista social e moral. Autores como Martins e Sawaia entendem essa realidade como forma de inclusão perversa e marginal, as quais estão sujeitos os indivíduos pertencentes, principalmente às camadas populares. Observa-se a emergência de se pensar as desigualdades sociais a partir de sua dimensão simbólica, buscando contribuir para a superação de uma visão unicamente econômica desta realidade, tecendo novos questionamentos e pensamentos, reveladores da complexa teia de elementos envolvidos nesta análise, adensando a perspectiva simbólica deste cenário.Referências
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