O conceito de nação em Ordem e Progresso, de Gilberto Freyre

Autores

  • Reasilva Aurora Alves da Silva Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Erechim

Palavras-chave:

Nação. Gilberto Freyre. Ordem e Progresso.

Resumo

Neste trabalho procuraremos compreender o papel do conceito de nação no pensamento do antropólogo Gilberto Freyre a partir da análise da obra Ordem e Progresso. Tendo em mente que o pensamento social do início do século XX no Brasil foi marcado por uma necessidade, a consolidação da identidade nacional. Mais precisamente no período do Estado Novo, se popularizaram teorias racistas e discriminatórias focadas em demonstrar as causas do fracasso brasileiro, indicando a questão da miscigenação como problema a ser superado. Os intelectuais da época entendiam que o Brasil se tornaria verdadeiramente uma nação quando fosse homogêneo cultural e etnicamente. Para isso, as diferenças regionais e sociais deveriam estar subordinadas a um teto político identitário que definiria a nação brasileira. Isto posto, lançado em 1957, Ordem e Progresso expressa a perspectiva de Gilberto Freyre sobre a formação do Brasil enquanto Estado-nação moderno influenciado por sua atuação como deputado federal e como ativista em questões relativas às relações étnico-raciais no Brasil. Buscaremos esta compreensão tomando como parâmetros de análise as teorias sobre o conceito de nação de Norbert Elias, Ernest Renan, Marcel Mauss e Max Weber. O objetivo mais amplo deste trabalho será compreender como teorias socioantropológicas derivam das formas de atuação política de seus proponentes. Constatamos na presente reflexão que o estabelecimento da nação brasileira enquanto plural resulta, direta ou indiretamente, das concepções de Freyre. A centralidade que o autor proporciona à miscigenação é atípica no cenário político intelectual de sua época, provando que Gilberto Freyre é um intelectual afrente de seu tempo.

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Publicado

02-02-2018

Edição

Seção

Campus Erechim - Projetos de Pesquisa