CICLO VICIOSO E A RELEVÂNCIA DA EXPERIÊNCIA NO ENSINO DE FÍSICA

Autores

  • Robison José Santos da Silva Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza

Palavras-chave:

Ensino de Física, Metodologia, Experiência.

Resumo

O presente artigo é resultado de um projeto de ensino desenvolvido na disciplina de Introdução à Filosofia, no qual os acadêmicos foram desafiados a elaborar um ensaio textual tendo por tema geral: contribuições da filosofia para pensar os desafios da formação docente. De caráter qualitativo, a metodologia contou com os estudos bibliográficos das aulas e dos seminários temáticos sobre Ética. A modalidade ensaio se apresenta como um exercício de pensar o tempo presente mediado por conceitos da filosofia. O objetivo é apresentar as reflexões mais relevantes do referido ensaio, de caráter mais provocativo do que conclusivo, tendo como delimitação temática as implicações pedagógicas da pouca presença de experiência no ensino de Física. Considerando a grande dificuldade dos educandos nessa disciplina, entre outros fatores, suspeita-se da ausência de empirismo no método, normalmente, utilizado pelos professores. Ao estudar a história do método da ciência moderna facilmente se observa as contribuições do empirismo. Francis Bacon propõe a indução. Locke defende a experiência como a fonte do conhecimento verdadeiro. O rigor matemático do método de Newton não dispensava a empiria. E é isso que tornaria a Física interessante aos estudantes, a aplicação dos conceitos, princípios e leis em experiências prática no ensino. Ao contrário disso, não raro se usa métodos abstratos e a aplicação em exercícios teóricos. Essa realidade tem influência da cultura escolar brasileira, da formação de professores, do baixo investimentos na educação, entre outros fatores. Considerando os primeiros anos da EB, a formação científica das crianças é prezar pelo bom desenvolvimento dos sentidos e a organização das sensações em experiências significativas. Suspeita-se que a maior parte da experiência neste estágio se restringe à leitura do livro didático. Do quinto ao nono ano, as matérias vinculadas às ciências da natureza se tornam mais complexas, com nomes técnicos parar memorizar, depara-se com equações matemáticas “assombrosas” etc. Não é de entranhar se nesse estágio já se encontre manifestações estereótipadas e aversivas à Física. No Ensino Médio, um dos obstáculos é a prioridade ao vestibular, pois o ensino se restringe em decorar e resolver questões de forma mecânica. Nesse caso, o ensino de Física não é um fim em si, mas um mero meio necessário para se obter uma vaga no ensino superior. Desse modo, desencadeia-se em um ciclo vicioso como uma atividade penosa e sem sentido que lembra o mito de Sísifo. Assim o ensino de Física continuará sendo se não mudar o método que valorize também a experiência. Criar-se-á gerações que não sabem Física e a repudiam, que por sua vez reproduzirão outras da mesma forma. Até que chegue alguém que “corte a cabeça do Ouroboros” e termine com esse ciclo vicioso que não proporciona realizações pedagógicas e científicas.

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Publicado

30-11-2017

Edição

Seção

Campus Realeza - Projetos de Ensino