EDUCAÇÃO PERMANENTE COM AGENTES COMUNITÁRIAS DE SAÚDE: ENCONTROS POSSÍVEIS NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO POPULAR
Palavras-chave:
Extensão Universitária, Educação popular, Agente comunitário de saúde, Metodologias ativas, Educação permanente, Estratégia de saúde da família.Resumo
O Agente Comunitário de Saúde (ACS) é o profissional que possui maior contato com as famílias do território da Estratégia Saúde da Família (ESF), e estes muitas vezes tendem a sentir-se solitários, sem suporte dos demais membros das equipes, e sem compreensão dos casos e possibilidades de intervenção. O espaço de Educação Permanente (EP) com ACS, na ESF Santa Rita, Marau, constitui-se como um momento de formação, reflexão da prática, discussão de casos complexos, planejamento de ações em conjunto e aproximação dos demais profissionais da equipe. Marau possui um espaço diferenciado de EP para ACS, sendo que uma vez ao mês a gestão disponibiliza profissionais e formação para todas as ACS, estes encontros são organizados por um grupo condutor eleito entre as ACS. No território da Santa Rita que fazem parte cinco ACS, foi pactuado um momento semanal para cuidado, acolhimento, diálogo e reflexão sobre demandas específicas do território. A equipe da ESF conta com profissionais residentes em saúde da família e comunidade, o que facilita o processo reflexivo, formativo e de planejamento. Compõe nessas atividades núcleos de farmácia, enfermagem, psicologia, medicina, odontologia. Demais profissionais da equipe também são convidados a participar deste momento, e tem havido um revezamento de toda a equipe A divisão por núcleos deste espaço formativo possibilita intercâmbio de saberes, entendimentos diferenciados, sem sobrecarregar o andamento das atividades cotidianas. O núcleo da psicologia participa desta ação com maior frequência e tem-se utilizado de metodologias ativas, baseadas na perspectiva da educação popular, compreendendo o ACS como um profissional diferenciado, que vive no seu território de trabalho, e produz sua ação viva em ato. A educação popular proporciona uma relação horizontal entre os profissionais envolvidos, numa troca de saberes, respeito às singularidades individuais e coletivas, e aprendizado para todos. Cada encontro inicia com uma brincadeira, normalmente de roda, inclusiva, a fim de acolher todos os participantes e promover descontração. Após a brincadeira quebra-gelo, inicia-se o dialogo com vídeos, leituras, e a escolha de um caso específico para construção do projeto terapêutico singular, embasado na teoria sistêmica A metodologia utilizada, procura não fazer inferências sobre realidades diversas às de cada um, não é espaço para julgamentos de ordem moral, nem de aconselhamento. Objetiva-se olhar de forma humanizada para os sujeitos residentes no território, compreender seu sofrimento, e intervir conforme as necessidades do usuário, e não as necessidades dos profissionais. Também busca-se no espaço de EP reduzir quaisquer sofrimentos que possam se fazer presente, já que muitas famílias possuem vulnerabilidades e riscos sociais, que impactam diretamente no trabalho do ACS. Percebe-se que a perspectiva da educação popular aliada a teoria sistêmica no espaço de educação permanente com ACS, consegue proporcionar cuidado, afeto, intercâmbio de saberes, planejamento de ações multiprofissionais, redução de sofrimentos em decorrência do trabalho e o envolvimento de todos os atores da equipe no ato de cuidar.
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