SER-ESTAR-ENTRE-LÍNGUAS: O IMAGINÁRIO SOBRE A LÍNGUA PRODUZINDO IDENTIFICAÇÕES

Autores

  • Tatiana Gritti Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Angela Derlise Stübe Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó

Palavras-chave:

Língua. Identidade. Identificação. Ser-estar-entre-línguas

Resumo

Este trabalho analisa, por meio de narrativas de descendentes de imigrantes italianos e alemães, como o imaginário sobre língua produz identificação.  O aporte teórico utilizado é o da Análise de Discurso (AD) de linha francesa, problematizando a relação língua e identificação. A construção metodológica deste trabalho tem uma perspectiva qualitativa e se dá a partir de entrevistas semiestruturadas e gravadas em áudio e transcritas para análise. Entendemos que a língua é um elemento de constituição do sujeito e que ela produz identificação na medida em que cria um vínculo entre os indivíduos que compartilham da mesma. Além disso, a identificação com a língua pressupõe a construção de uma identidade, mas esse contato não é livre de disputas. Frequentemente essa relação traz angústia posto que a língua sofre interdições, gerando uma sensação de privação o que, por consequência, produz um conflito identitário. Nessa perspectiva, nosso gesto interpretativo revela que o imaginário sobre a língua – materna, estrangeira, nacional, oficial, dialeto – produz momentos de identificação do sujeito e também gera tensão o que é evidenciado na resistência e no esforço em silenciar sua língua. A oscilação entre as diferentes representações sobre a língua também aponta para o imaginário cientificamente construído de língua ideal e perfeita o que evidencia o atravessamento de outros discursos que estabelecem a imposição de uma língua única. Conforme Ghiraldelo (2002, p. 99), as verdades construídas sobre a língua estabelecem o que pode ser dito e como deve ser dito e esse padrão de língua, que não pertence a todos os falantes, contribui para o funcionamento das relações de poder. Dessa forma, pudemos observar que a noção de língua é atravessada pela heterogeneidade e que os sujeitos vão construindo sua identidade linguística na medida em que se filiam a determinados dizeres, processo que se dá por meio das identificações.

Referências

GHIRALDELO, Claudete M. As representações de língua materna: entre o desejo de completude e a falta do sujeito. 2002. 225 f. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada). Universidade Estadual de Campinas. Campinas, SP: 2002.

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Publicado

09-02-2018

Edição

Seção

Campus Chapecó - Projetos de Pesquisa