ENTRE PRÁTICAS E TEORIAS DESCOLONIZADORAS: UM ESFORÇO PARA PENSAR A DESCOLONIZAÇÃO COM O FEMINISMO NEGRO
Resumo
O presente trabalho, como um recorte de minha pesquisa de mestrado, apresenta como proposta pensar possíveis limitações da Opção Descolonial a partir de um diálogo com a socióloga boliviana de descendência aymara Silvia Rivera Cusicanqui, junto com feministas negras, como bell hooks, Angela Davis, Ochy Curiel e Lélia Gonzales. Partindo da afirmação e vivência de Silvia R. Cusicanqui, onde não é possível uma teoria e discurso da descolonização sem uma prática descolonizadora, busco sinalizar para possíveis relações que podem vir a ser estabelecidas entre o papel dos/as intelectuais na dominação, e na reprodução das estruturas coloniais de opressão, sobretudo, no que diz respeito à neutralização e esterilização de pensamentos e práticas descolonizadoras (Rivera Cusicanqui, 2006), a partir da invisibilidade para com as mulheres negras e suas experiências vividas. Nesse sentido, onde estão e qual o lugar das mulheres negras na opção descolonial? Até que ponto os discursos e teorias em volta da descolonialidade permitem/possibilitam o diálogo/acesso com/ao feminismo negro? Como temos pensado e problematizado, desde aqui e agora, o presente colonizado e sua superação (Rivera Cusicanqui, 2010)? Para a autora boliviana, o termo colonialidade não conseguiria dar conta da realidade colonial, pois remete a um estado onde não há sujeito. Para alcançar o presente objetivo, a proposta metodológica teve como base a noção de colonização discursiva de Chandra Mohanty (2008) e privilégio epistêmico de Silvia Rivera Cusicanqui (2010). A partir disso, buscou-se construir um levantamento bibliográfico acerca da Opção Descolonial com destaque para a maneira como a intersecção de raça, classe, gênero e sexualidade são tratadas. Em seguida, a partir do levantamento bibliográfico de feministas negras, sistematizou-se uma análise da Opção Descolonial e o lugar da mulher negra no mesmo, e a maneira como sua ausência impacta na construção do imaginário e sua representação acerca do descolonial. Por fim, escabece-se diálogo com o site Blogueiras Negras, com a intenção de buscar experiências que sinalizem e/ou acionem elementos para repensar a construção imaginária do descolonial, e sua representação, a partir de experiências vividas de mulheres negras. Assim, antes que uma condenação da opção descolonial, o que se pretende é pensa-la desde seus limites, e na medida do possível, contribuir com elementos para uma descolonização que não nos recolonize.
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