INFLUÊNCIA TOPOGRÁFICA E HIDROLÓGICA NA DINÂMICA DOS ATROPELAMENTOS DE FAUNA EM RODOVIAS NO NORTE DO RIO GRANDE DO SUL

  • Tiago Rezzadori Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
  • Cassiane Kolcenti Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
  • Jéssica Mulinari Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
  • Siane Camila Luzzi Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
  • Paulo Afonso Hartmann Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
Palavras-chave: Pesquisa Científica

Biografia do Autor

Tiago Rezzadori, Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim

Rodovias estão entre as mais evidentes alterações ambientais geradas pelo homem e inúmeros efeitos ecológicos negativos para fauna foram e continuam sendo descritos. Estes efeitos incluem: supressão, degradação e fragmentação de habitat; mortalidade direta da fauna por atropelamento; e deslocamento da fauna. O efeito negativo mais direto parece ser morte por atropelamento, pois populações nativas, que usam áreas adjacentes às rodovias, tem mortalidade aumentada em função do risco de colisão com veículos. Neste sentido, a identificação das características da paisagem no entorno das rodovias pode servir para proposição de medidas que visem redução da perda de diversidade por atropelamento. O objetivo deste estudo foi verificar possíveis relações entre as taxas de atropelamento com as características topográficas e hidrográficas no entorno das rodovias. O estudo foi realizado em dois trechos de 12 quilômetros nas rodovias RS-331, entre os municípios de Erechim e Gaurama e RS-420, que liga Erechim ao município de Aratiba, na região norte do Estado do Rio Grande do Sul. A região do estudo está situada dentro dos domínios do bioma Mata Atlântica, caracterizado por uma vegetação ombrófila densa e clima subtropical úmido. Para quantificar os atropelamentos utilizamos o método de amostragem veicular. A equipe, de no mínimo dois e no máximo três observadores, percorreu os trechos de carro, nos dois sentidos, com velocidade média de 50 km/h. As amostragens foram realizadas em três dias consecutivos por mês, com intervalos de no mínimo 20 e no máximo 30 dias entre as amostragens, de agosto 2012 a julho 2013. Para cada indivíduo de ave, mamífero ou réptil encontrado atropelado foi feito registro fotográfico, do local (georreferenciado) e a remoção da pista ou acostamento para não ocorrer duplicação dos dados. Por meio do software GPS TrackMaker geramos mapas, onde foram plotados os pontos georreferenciados de todos os animais encontrados atropelados. Após a plotagem dos pontos, foi estabelecidos transectos de 1 km a cada 500 metros em cada trecho amostral (com sobreposição de 500 metros).  Durante as amostragens encontramos 115 indivíduos atropelados, sendo 47 de aves, 34 de mamíferos e 34 de répteis. No trecho Erechim-Gaurama encontramos 65 indivíduos atropelados, de 19 espécies e a maior quantidade de animais atropelados foi em transectos com relevo caracterizado por ondulações suaves nos dois lados da rodovia. No trecho Erechim-Aratiba foram 50 indivíduos, de sete espécies e a maior quantidade de atropelamentos foi em transectos com presença de corpo hídrico no entorno, notadamente um córrego que margeia a rodovia. Aves apresentaram o mesmo padrão de atropelamentos para os dois trechos, que consiste em maior número de atropelamentos em áreas planas nos dois lados da rodovia. Mamíferos não apresentaram relações com relevo ou hidrografia na área do estudo. No trecho Erechim-Gaurama, os atropelamentos de répteis parecem ter relação com hidrologia, associada a lagos e açudes no entorno da rodovia. No trecho Erechim-Aratiba não identificamos padrão de distribuição dos atropelamentos de répteis.

Publicado
01-11-2013
Seção
Campus Erechim - Iniciação Científica PROBIC/Fapergs