ABC DO HABITAR
Resumo
O Projeto de Extensão ABC do Habitar foi uma iniciativa de alunos do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFFS que, diante de suas próprias dificuldades em lidar com os métodos e atividades das disciplinas de Projeto Arquitetônico e Urbanístico, identificaram a necessidade de compartilhá-los com as instituições de Ensino Fundamental, com o objetivo múltiplo de promover uma experiência pedagógica original, despertar aspirações vocacionais específicos em crianças e adolescentes e, por fim, atenuar o processo de inadaptação ao qual eles mesmos se viram sujeitos ao ingressar no Curso de Arquitetura e Urbanismo.
Em contato com o professor escolhido para coordenar o projeto, este por sua vez identificou, como potencial socioeducativo da proposta, o trato do fenômeno de migração urbana, fortemente incidente na região do Alto Uruguai gaúcho, gerando problemas de adaptação urbana, incidentes principalmente sobre a vida dos trabalhadores e suas famílias, oriundos de lugares com configuração morfológica completamente diferente: meio rural, cidades menores, cidades maiores, aldeias indígenas etc. Salvo raras exceções, todos acabam por se instalar em bairros periféricos e matriculam seus filhos nas escolas locais, da rede pública municipal.
Outras entidades também fazem essa acolhida, do ponto de vista educativo e cultural, mas nenhuma delas, tampouco as escolas, dão conta da tarefa de educar as crianças (e por transmissão, seus pais) especificamente para a vida na cidade. Oferecer uma possibilidade de significado à instável paisagem que essas comunidade de crianças vislumbra desde seu nascimento é uma tarefa social normalmente negligenciada pelas práticas habituais, justamente por ser considerado um fenômeno “natural”, que escapa ao alcance do poder escolar. Assim, seu objetivo era promover a desnaturalização do modo de vida urbano, enquanto ação pedagógica voltada à apropriação construtiva e consciente do espaço da cidade que se estende como plataforma educativa, por estudantes da rede de ensino fundamental da cidade de Erechim.
A metodologia foi estabelecida de acordo com cada segmento de estudantes, onde a respectiva faixa etária e nível de aprendizagem eram os determinantes principais, em acordo com a política pedagógica de cada escola, sendo duas: uma pública municipal e outra particular, que atuou como “grupo de controle” quanto à eficácia da proposta. De uma forma geral, se optou por uma abordagem lúdica, onde representações, brincadeiras, jogos e outras formas de narrativa foram exploradas simultaneamente. Temas como infraestrutura, cultura, representação e relações urbanas foram abordados na linguagem da criança, para que fosse efetivo e eficiente o seu entendimento nos assuntos. Para isso, foram criadas, estruturadas e aplicadas diversas intervenções pedagógicas, denominadas como “Igual a quê?”, “Óculos mágicos”, “História aleatória”, “Baguncidade”, “Urbamexendo” e “Dominão do tempo” que, segundo a avaliação dos participantes, atingiram o objetivo de estimular a reflexão crítica sobre o fenômeno urbano, contribuindo, inclusive, para a conscientização acerca do desenvolvimento sustentável das cidades.
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Submeto o trabalho apresentado como texto original à Comissão Editorial do XIII SEPE e concordo que os direitos autorais, a ele referente, se torne propriedade do Anais do XIII SEPE da UFFS.