PRODUÇÃO E CORREÇÃO TEXTUAL: EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO

Resumo

Um dos desafios docente é o de incorporar as práticas de produção e critérios de correção textual. Esses elementos são cruciais para a formação do docente bem como de seus alunos e estão relacionados ao objetivo deste trabalho: refletir sobre o processo de produção e correção textual, a partir de vinte aulas ministradas no oitavo ano do Ensino Fundamental, ao decorrer do Estágio Supervisionado em Língua Portuguesa IV. Ocupamo-nos do esquema da sequência didática: apresentação da situação de comunicação, efetivada por meio da investigação do conhecimento prévio dos alunos a respeito do gênero fábula e proposição de produção para organização de um Livro de Fábulas e lançamento deste num evento organizado pelos alunos-autores no espaço da escola, denominado “Café Literário”; (re)conhecimento das características do gênero, por meio da prática de leitura analítica (estrutura composicional e estilo) e de compreensão e interpretação; produção inicial; módulos de estudo de aspectos linguísticos-discursivos que um diagnóstico da primeira produção dos alunos mostraram ser necessário para um processo de reescrita; produção final, que consistiu também na circulação dos textos. No que tange à prática de produção textual, esta teve como objetivo desenvolver as capacidades linguístico-discursivas para leitura e produção de textos (orais e escritos) da ordem do narrar. Em relação aos módulos de estudo, foram efetivados: leitura estudo de fábulas, atividade de compreensão leitora e intertextualidade; compreensão do que é plágio e de como produzir uma paráfrase; reflexões sobre a construção linguística de um fato (análise de notícias) e de juízo de valor (real ou ficcional) – comparação com opinião e moral da fábula; estudo da pontuação e efeitos de sentido; trabalho com a oralidade para leitura dramatizada das fábulas produzidas. Esses módulos visaram (re)construir um conhecimento para que os alunos pudessem reescrever suas fábulas em busca de atingi um texto coeso e coerente ao gênero e à situação de produção. Para tanto, utilizamos nas “correções textuais” o bilhete orientador, que consistiu em numerar trechos dos textos dos alunos e anexar às produções com questionamentos sobre o que poderia ser melhorado. Essa prática possibilitou compreender quais aspectos podem ser priorizados pelo professor na “correção” da atividade. Nesse momento não nos atentamos aos problemas ortográficos e sim ao conteúdo e a estrutura do gênero. Foram encaminhadas e efetuadas três refacções para se chegar à produção final. Contudo, o trabalho foi efetivado, culminando na produção do Livro de Fábulas, confeccionado artesanalmente e impressos na UFFS (Universidade Federal da Fronteira Sul), campus Realeza. O resultado dessa prática de ensino-aprendizagem foi satisfatório, porém o processo foi árduo, demandando de várias leituras teóricas e construção de um conhecimento sobre produção e revisão textual (DOLZ; SCHNEUWLY, 2004; DOLZ, 2010; BAKHTIN, 2006; BAKHTIN/VOLCHÍNOV, 2006; SWIDERSKI; COSTA-HÜBES, 2009). E, a partir da experiência pudemos perceber o potencial autoral dos alunos, bem como compreender o processo de construção e (re)construção textual, o qual é dialeticamente transformador quando o professor se propõe a ser o mediador que ministra/conduz à produção de conhecimentos, considerando que o aluno não é uma tábula rasa.