GÊNERO E SEXUALIDADE: O PAPEL DO PROFESSOR NA DESCONSTRUÇÃO DA EXCLUSÃO

Resumo

Partindo da construção cultural dos conceitos de gênero e sexualidade, busca-se, a partir do livro História da sexualidade I: A vontade de saber, de Michel Foucault, traçar uma pequena história da forma como a sociedade passou a encarar o sexo e a sexualidade a partir do século XVII, e como se estabeleceu a heterossexualidade como norma e, a partir disso, passou a se legitimar a exclusão de determinadas identidades que não apresentam características comuns àquelas admitidas pela norma. A constituição das identidades aceitas por esse sistema que determina a heterossexualidade como única manifestação de sexualidade aceitável, parte do binarismo homem – mulher, e encontra em certos elementos aqueles que caracterizam cada possibilidade de exercício da sexualidade. Parte-se do sexo biológico como critério para a construção dos marcadores simbólicos aceitáveis para cada identidade de gênero, e os corpos sexuados passam a ter de, sem exceção, apresentarem tais elementos para que sejam reconhecidos como masculinos ou femininos, não havendo espaço para qualquer outro tipo de identidade. Corpos que apresentam sexo biológico feminino, mas que trazem em si elementos culturalmente característicos da identidade de gênero masculina, passam a ser discriminados, e vice-versa. Dentro da perspectiva de construção cultural das categorias de gênero e sexualidade, o professor aparece como sujeito determinante na desconstrução dessa visão excludente em relação aos sujeitos que exerçam sua sexualidade e apresentem identidade de gênero diferente daquela estabelecida pela norma. Enquanto a escola e os professores se calarem a respeito das questões ligadas à gênero e sexualidade, todas as identidades e corpos que questionarem a heterossexualidade enquanto norma, continuarão a ser marginalizados e sentenciados ao apagamento.