HIPOSPÁDIA CANINA - RELATO DE CASO

Resumo

A hipospádia é uma anomalia congênita que resulta na má formação da uretra. Nesta não ocorre fusão completa do sulco uretral ventral em um determinado ponto de seu trajeto entre o óstio uretral interno até sua saída na glande do pênis.  Juntamente com a hipospádia podem ou não ocorrer outras alterações anatômicas congênitas.  Este trabalho visa relatar o caso de um cão com hipospádia ventral, seu acompanhamento clínico e a importância das imagens radiográficas realizadas para elucidar as suspeitas clínicas que surgiram durante o acompanhamento clínico. Foi atendido um cão, macho, com 45 dias de idade, sem raça definida e pesando 1,4 kg. As queixas apresentadas pela tutora durante a anamnese foram que, nos primeiros dias de vida do animal, formou-se um cisto caudalmente à glande do pênis, o qual cresceu progressivamente até seu rompimento, liberando conteúdo semelhante à urina e, a partir deste momento, o animal passou a urinar pelo local da fissura, relatou ainda que o animal possuía dificuldade locomotora, disúria e poliúria. Ao exame físico os parâmetros de frequência respiratória, temperatura, frequência cardíaca e tempo de preenchimento capilar estavam dentro dos valores esperados para a idade e espécie, animal alerta, hidratado, sem linfonodos reativos, mucosas levemente hipocoradas, distensão e dor abdominal, dificuldade locomotora, ausência do movimento de articulação do joelho no membro pélvico direito, má formação nas cartilagens auriculares, má formação na arcada dentária, escoliose e anquilose lombar. Ao exame radiográfico foram observadas más formações no osso coxal, ausência de vértebras sacrais e vértebras lombares em bloco, devido a pouca idade do animal foi orientado a proprietária quanto aos cuidados com a higiene do animal e iniciou-se acompanhamento mensal do caso. Apos 60 dias foi marcada cirurgia para correção da hipospádia. No dia determinado para a cirurgia o animal chegou para as avaliações pré-operatórias e nesta foi detectado que o animal estava com a urina extremamente fétida, com coloração e odor semelhante a fezes e devido e estas circunstâncias a cirurgia foi cancelada e novos exames radiográficos solicitados. Neste novo exame radiográfico optou-se pelo uso de contraste para verificar possível comunicação entre o tubo digestório e a via urinária. Para tanto procedeu-se contraste negativo via retal e contraste positivo iodado vira uretral.  Assim foi possível observar a comunicação da uretra pélvica com o cólon descendente. O procedimento cirúrgico foi adiado até a estabilização do paciente e tratamento medicamentoso dos processos infeciosos apresentados, porém, fica evidente a importância da associação entre a clínica cirúrgica e o diagnóstico por imagem para o diagnóstico preciso e a programação do tratamento neste caso.