ONDE ESTÁ O ESTUDANTE TRABALHADOR? CONSIDERAÇÕES ACERCA DOS CALOUROS DA UFFS – CAMPUS ERECHIM
Palavras-chave:
Pesquisa quantitativa. Ensino superior. Perfil dos estudantes. Classes populares. Evasão.Resumo
A “Pesquisa Perfil dos Calouros” é realizada pelo Grupo Práxis – PET/Conexões de Saberes desde o ano de 2012 com a finalidade de tentar traçar o perfil médio dos/as estudantes que chegam a UFFS, mais precisamente ao campus Erechim. Desde então, vem sendo possível reunir um histórico dos sujeitos que ingressaram na Instituição e aspectos de sua trajetória. Nesse sentido, a Pesquisa Perfil dos Calouros busca responder a provocação da proposta do projeto de uma Universidade que se projeta no vetor da educação popular. Se trata de uma pesquisa de caráter quantitativo, baseada em questionários auto-aplicáveis compostos por 28 questões variadas entre abertas e fechadas. Os questionários são aplicados nas turmas ingressantes, procurando respeitar disciplinas obrigatórias do 1º semestre a fim de alcançarmos certa totalidade. Após a aplicação dos questionários, os dados são tabulados no SPSS/PSPP e posteriormente descritos para conclusão de um relatório final. No presente caso, pretende-se fazer um recorte de análise que focaliza nos estudantes que declaram possuir uma atividade remunerada – logo, estudantes trabalhadores/as – e, em que medida, esse fator influência na escolha de seu curso (licenciatura ou bacharelado), podendo refletir em sua permanência no ensino superior público. Buscou-se analisar tal questão a partir dos dados coletados em 2012, 2013 e 2014. De modo geral, a quantidade de estudantes trabalhadores que ingressam na UFFS aparenta estar equiparada à quantidade de estudantes que não realizam nenhuma atividade remunerada. Por exemplo, do total de estudantes que ingressaram em 2012, 47,7% exercem atividades remuneradas; enquanto 50,7% não exercem atividade remunerada. Em 2013, 59,5% exercem e 38,8% não exercem. Em 2014, por fim, 58,21% não exercem nenhuma atividade remunerada, ao passo que 40% declaram exercer. Porém, na intenção de localizarmos em quais cursos é mais recorrente a presença desse perfil de estudante, verificamos que a diferença na porcentagem de estudantes das licenciaturas que trabalham é discrepante em relação aos cursos de bacharelado. A média de estudantes trabalhadores entre os cursos de licenciatura em 2012 foi 70,54%; em 2013 foi 55,57%.; e em 2014 a média foi de 54,72%. Percebe-se que existe uma constante onde pelo menos metades dos estudantes ingressantes nas licenciaturas possuem alguma atividade remunerada. Nos cursos de bacharelado percebe-se também uma constante, entretanto a quantidade de estudantes que declaram possuir uma atividade remunerada é bem menor, não chegando nem à metade dos ingressantes. A partir desses dados, percebemos que os estudantes trabalhadores da UFFS se encontram predominantemente nos cursos de licenciatura, localizados no período noturno, sendo todos situados na área das Ciências Humanas. Curiosamente, os cursos que possuem maior índice de evasão são os cursos de licenciatura. Seria, realmente, o estudante trabalhador – perfil da metade dos ingressantes das licenciaturas – o mesmo estudante que acaba desistindo da graduação devido a situações externas? O que torna a reflexão complexa é percebermos que do total de estudantes trabalhadores, no mínimo metade está no curso pretendido. Nesse sentido, a Universidade deve debruçar-se sobre o caso a fim de sensibilizar-se com os sujeitos que querem/pretendem construir uma formação acadêmica, mas esbarram nas contradições econômicas-estruturais.
Referências
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