A CONSTITUIÇÃO DO IMAGINÁRIO DE LÍNGUA EM LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA

Autores

  • Daniela De Zorzi Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Mary Neiva Surdi da Luz Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó

Palavras-chave:

Discurso. Língua imaginária. Língua Fluida. Livro Didático

Resumo

O presente projeto de pesquisa, em desenvolvimento, tem por objetivo analisar a constituição do imaginário de língua na coleção de livros didáticos intitulada Língua Portuguesa (2013), de Roberta Hernandes e Vima Martin, escolhido de acordo com a regulamentação do (PNLD) Programa Nacional do Livro Didático de 2015, por professores da escola estadual de Santa Catarina do município de Coronel Freitas – SC. Sob o enfoque da Análise do Discurso (AD) de linha francesa em diálogo com a História das Ideias Linguísticas no Brasil, pretendemos compreender com que regularidade e como se dá o funcionamento de imaginários de língua no objeto de análise. Consideramos que o livro didático desempenha papel de suma importância no processo de ensino-aprendizagem de língua portuguesa nas escolas de todo o Brasil, e esse material é de grande valia, pois oferece auxílio didático e pedagógico para o docente e para o aluno. Propomos refletir sobre a linguagem e as práticas discursivas de ensino de língua portuguesa no livro didático, pois para Orlandi (1988, p. 34), deve-se “considerar também as unidades vivas e atuantes da língua enquanto texto, historicidade”. Para isso, delimitamos como corpus da pesquisa, recortes da coleção de livros intitulada “Língua Portuguesa”, destinada ao Ensino Médio. São três volumes, divididos em unidades, cada unidade subdivide-se em capítulos recorrentes: Literatura, língua em uso e produção de texto. Os capítulos apresentam, inicialmente, questões que buscam a aproximação dos alunos com o tema abordado. A coleção apresenta como diferencial a abordagem da língua do ponto de vista funcional. Foram recortadas para a análise do Livro Didático as seções didáticas de leitura e atividades. As seções didáticas servem para organizar didaticamente o livro e abordam seções de leitura e são apresentados diversos textos para a leitura e consequentemente as seções atividades e ampliação que contém atividades e questões que incluem o Enem, sobre os textos lidos com o propósito de roteirização da leitura e produção textual, para desenvolver a capacidade leitora dos alunos.  Conclui-se que a noção de língua imaginária sob a ótica da análise do discurso é uma discursividade que permeia o corpus de análise e torna-se perigosa assim que rejeita a língua fluida e constrói-se tão somente por esquemas gramaticais.

Biografia do Autor

  • Daniela De Zorzi, Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
    Acadêmica do curso de Letras Português e Espanhol da Universidade da Fronteira Sul, professora da rede pública de ensino do estado de Santa Catarina.
  • Mary Neiva Surdi da Luz, Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
    Possui graduação em Letras pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (1994), mestrado em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina (1998) e doutorado em Letras pela Universidade Federal de Santa Maria (2010). Atualmente é professor da Universidade Federal da Fronteira Sul, atuando nos Curso de Letras e Pedagogia e no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Estudos Linguísticos. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Teoria e Análise Linguística, atuando principalmente nos seguintes temas: história do ensino de língua portuguesa, ensino de Linguística e formação de professores sob o viés da Análise de Discurso de linha francesa em diálogo com a História das Ideias Linguísticas. Integrante Fronteiras - Laboratório de Estudos do Discurso (UFFS) e pesquisador do grupo de pesquisa Lingua(gem), discurso e subjetividade (UFFS) e do Grupo de Pesquisa Linguagem, Discurso e Memória (UFSM). É membro do GT de Análise de Discurso ANPOLL.

Referências

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Publicado

31-08-2016

Edição

Seção

Campus Chapecó - Projetos de Pesquisa