UTILIZAÇÃO DE VARIÁVEIS QUANTITATIVAS NA DEFINIÇÃO DA IMPORTÂNCIA DE PLANTAS MEDICINAIS NA COMUNIDADE DE CÂNDIDO GODÓI, RS

Autores

  • Nestor Bremm UFFS-Cerro Largo
  • Suzana Souza UFFS-Cerro Largo
  • Ana Maria Hentges UFFS-Cerro Largo
  • Clemice Franciele Lorenz Colling UFFS-Cerro Largo
  • Jonas Arçe Nunes UFFS-Cerro Largo
  • Kennedy Seifert UFFS-Cerro Largo
  • Carla Maria Garlet de Pelegrin UFFS-Cerro Largo
  • Mardiore Pinheiro UFFS-Cerro Largo

Palavras-chave:

Pesquisa científica

Resumo

RESUMO: Trabalhos de etnobotânica com plantas medicinais, comumente indicam táxons importantes para certas comunidades, considerando a riqueza da família e as espécies mais citadas pelos participantes do estudo. No entanto, sabe-se que tais resultados podem ser diferentes ao se aplicar, para a análise da importância, métodos quantitativos, como o cálculo do Valor de Uso das Famílias (FUV) e o cálculo do Valor de Uso das Espécies (UVS). O índice de Valor de Uso para as espécies e famílias mostra o quão importante cada uma delas é para a comunidade estudada. Considerando-se o exposto, o objetivo deste trabalho foi analisar, comparativamente, se as famílias mais ricas e as espécies mais citadas, são aquelas que apresentam os maiores valores nos cálculos de FUV e UVS. Os dados foram obtidos através de um levantamento etnobotânico com entrevistas semi-estruturadas realizadas com 78 moradores de Cândido Godói, RS. Foi verificada a riqueza de espécies em cada família botânica, e para cada espécie foi anotado o número de participantes que a citaram como medicinal. Os dados obtidos foram confrontados com os valores de FUV e UVS. O cálculo FUV considera a razão entre o somatório do valor de uso das espécies de uma família e o total de espécies registradas na família. O cálculo UVS considera a razão entre o somatório do número de usos mencionados por todos os informantes de cada espécie e o número total de informantes. Foram registradas 141 espécies de plantas medicinais, posicionadas em 52 famílias. Asteraceae e Lamiaceae foram às famílias mais ricas, 26 e 22 espécies, respectivamente. O valor de importância de Lamiaceae foi 0,10 e de Asteraceae 0,08. Entretanto, Poaceae, representada somente por Cymbopogon citratus (DC.) Stapf, foi a família mais importante (FUV= 0,34). As espécies mais citadas pelos participantes foram Achyrocline satureioides (Lam.) DC. e Stachys byzantina K.Koch (16 citações cada), seguidas de C. citratus (12). As espécies que registraram maior número de indicações de uso foram S. byzantina (n= 33), C. citratus (n= 27) e A. satureioides (n= 24). O valor de uso registrado para estas espécies foram, respectivamente, 0,42, 0,34 e 0,30. Os resultados encontrados indicam que a riqueza de espécies em dada família botânica, não necessariamente apresenta relação direta com sua importância para a comunidade. Além disso, o valor de importância de S. byzantina foi superior ao valor de importância de A. satureioides, embora ambas as espécies tenham atingido o mesmo número de citações. Dessa forma, é notório que os usos indicados são muito relevantes na indicação de táxons importantes como medicinais. Reforça-se que a pesquisa etnobotânica deve envolver tanto os dados clássicos de levantamentos de espécies, quanto aos índices quantitativos, para prover dados mais precisos sobre o uso e importância de plantas medicinais para as comunidades. Só assim, pode-se estimar a importância cultural dos diferentes táxons e auxiliar no conhecimento e conservação da biodiversidade local.

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Publicado

23-11-2016

Edição

Seção

Campus Cerro Largo - Projetos de Pesquisa